Ministério Público investiga se mortes em operação policial em favela foram execuções

19/10/2007 - 18h16

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As cenas de dois jovens sendo abatidos por tiros disparados de um helicóptero da polícia no confronto entre policiais e traficantes, na Favela da Coréia, motivou o Ministério Público do Rio de Janeiro a requisitar hoje (19) as imagens veiculadas na última quarta-feira (17) pela TV Globo. As mortes dos dois jovens, que seriam traficantes, segundo a polícia, podem ter sido execuções, disse o sub-procurador de Direitos Humanos do MP, Leonardo Chaves.

"O motivo [de requisitar as imagens] é para averiguar se houve execução, hipótese na qual teria sido violado o estado democrático de direito. Essa é a razão de requisitar, junto à Rede Globo, as imagens exibidas, que mostram dois homens negros descendo o morro, que teriam sido atingidos por uma aeronave da Polícia Civil. A imagem revela que as duas pessoas teriam sido atingidas em nenhuma posição de combate. Sendo assim, pode estar configurado, em tese, uma execução."

O procurador Leonardo Chaves também pediu por escrito à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro a realização de uma audiência pública para discutir a política de segurança adotada pelo governo do estado. Ele considera excessivo o número de mortos em confrontos com a polícia no primeiro semestre do ano.

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), que colhe os dados sobre violência no estado, no primeiro semestre deste ano a polícia fluminense matou 694 pessoas em confrontos, 174 a mais que no mesmo período de 2006, um aumento de 33,5%. No mesmo período, morreram 15 policiais em serviço.

"Isso me preocupa muito. Houve um aumento de quase 35% no número de pessoas mortas em confrontos com a polícia, e também é assustador o número de policiais mortos", afirmou.No confronto da Favela da Coréia morreram 12 pessoas, sendo 10 supostos traficantes, um policial e um menino de 4 anos. No Morro do Alemão, a polícia matou 19 pessoas, também acusadas de ligações com o tráfico, durante operação em 27 de junho passado.