Governo se afastará mais dos movimentos sociais se Cristina Kirchner for eleita, prevê ativista

14/10/2007 - 13h20

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - O governo argentino está afastado das demandas dos movimentos sociais ea situação vai se agravar se Cristina Kirchner, mulher do presidenteNéstor Kirchner e favorita para substituí-lo, vencer as eleições de 28de outubro. Essa é a opinião do secretário-geral da organizaçãoargentina Movimento pela Paz, Soberania e Solidariedade entre os Povos(Mopassol), Juan Domingos Roque."Ela [Cristina] está reconstituindo as relaçõescom os Estados Unidos, com os europeus e com algumasinstituições financeiras internacionais. Aqui deveríamoster maior expectativa por desenvolvimento social, mas oque parece [prioritário] é um maior desenvolvimento econômico, entãocreio que vai haver uma mudança, do ponto de vista dosmovimentos sociais, para pior. [Cristina] estaria favorecendo osinteresses econômicos, digamos, a visão normal doneoliberalismo de que se tem que promover e facilitar a acumulaçãode riqueza", afirmou em entrevista à Agência Brasil.Num evento com empresários, a candidata disse que ganhar dinheiro não é pecado. Quanto à candidata Elisa Carrió, cotada para disputar o segundo turnocom Cristina se ela não liqüidar a disputa no primeiro, o ativista nãovê a mesma tendência. "Ela estádizendo que na Argentina, o problema na verdade não éeconômico. É social e cultural."Roque afirma que Carrió também propõe um modelo que vá além da dicotomia entre as idéias deesquerda ou direita, um pacto moral para resgatar asrelações de solidariedade entre os argentinos, valorizando sujeitos honestos. "O que ela está dizendo éque nesse país, o que perdemos não é a economia,mas a moral."Para ele, é uma possibilidade de um debatediferenciado, no qual os argentinos se perguntem não que modelo deeconomia querem, mas que modelo de sociedade desejam,independentemente de como vão chamá-lo, "se socialismo,comunismo ou o que seja". "Creio que é mais facil mudar um modelosocial do que um modelo econômico."O secretário do Mopassol acha que o governo Kirchner está distantedas demandas dos movimentos sociais, assim como os grupos econômicos."Há umdivórcio entre a nossa agenda e a agenda do governo e dospartidos políticos". Um exemplo, segundo ele, é o "forte impacto" depolíticas de militarização "sugeridas" pelos Estados Unidos.