Corban Costa
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - A cidade goiana de Luziânia é uma das mais antigas do entorno do Distrito Federal e deve ser um dos alvos da ação da Força Nacional de Segurança Pública, que atuará no combate à violência. Fica a pouco mais de 60 quilômetros de distância de Brasília, capital que exerce influência em seu desenvolvimento. Tem aproximadamente 200 mil habitantes e problemas de cidades grandes brasileiras.Segundo dados da pesquisa Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros,elaborado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e comdados do Ministério da Saúde entre 2002, 2003 e 2004, Luziânia está naparcela de 10% das cidades mais violentas do país. Está em 202º lugar no ranking dos mais violentos, com 46,4 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. À frente, portanto, de cidades como Imperatriz (MA), São Gonçalo (RJ) ou capitais como Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).São 88 bairros na área do município, muitos sem a presença efetiva do poder público. A educação é um deles. Os cerca de dois mil funcionários da Secretaria Municipal de Educação atendem a 23 mil alunos do ensino fundamental, em 55 escolas públicas. Cerca de 900 professores ensinam a ler e escrever crianças com até 14 anos de idade, mas de acordo com a diretora pedagógica da secretaria, Nilda da Fonseca, a maior dificuldade enfrentada na educação é a ausência dos pais no acompanhamento dos alunos."É uma grande realidade nossa. As crianças mais velhas acabam cuidando das crianças mais novas, e aí, ela não tem esse acompanhamento necessário", afirmou a professora. Segundo ela os pais saem cedo de casa para procurar emprego ou para trabalhar, principalmente em Brasília.Para o presidente da Associação Comercial e Secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Luziânia, João Abreu, o desemprego é alto chegando a 28% da população ativa da cidade, apesar da renda per capita chegar a R$ 6,5 mil. Ele disse que "o pessoal vem procurar serviço em Brasília e não tem mão de obra especializada, são pobres e não tem condições de manter o custo de vida de Brasília. Com isso, eles vem para o entorno, onde o custo de vida é bem mais barato".A saúde também representa um grande problema para a população de Luziânia. Existe apenas um hospital público com 60 leitos. São 60 médicos para atender aproximadamente 400 pacientes por dia. Cerca de metade dos partos são realizados no Hospital Regional do Gama, cidade mais próxima e dentro do Distrito Federal. A expectativa do governo local é a inauguração, no ano que vem, de outro hospital público, no Jardim Ingá, um dos maiores bairros de Luziânia e com alto índice de criminalidade.Para o secretário de Saúde, Vanildo Rodrigues Vidal, falta saneamento básico para melhorar a saúde da população. "Nós temos uma rede de esgoto muito insuficiente, uma cobertura muito baixa de água tratada e de coleta de lixo. Isso é um fator que agrava a saúde da população", afirmou o secretário.Apesar de todos esses problemas existe ainda esperança dos moradores que as coisas melhorem em Luziânia. Um exemplo é a dona de casa Luiza Teles, moradora do Jardim Ingá. Enquanto esperava o almoço na fila do restaurante comunitário da cidade ela disse que o maior problema é a segurança no local, mas que agora deve melhorar. "A segurança ultimamente está ruim. Mas como nós estamos com a expectativa das coisas melhorarem, como a presença da força nacional, acho que vai amenizar um pouco a situação na nossa região".A reportagem da Radiobrás tentou ouvir a opinião dos moradores dos bairros do Jardim Ingá e Mingone, onde moram cerca de 60 mil pessoas. Poucas pessoas falam a respeito por medo. De acordo com os números do Ministério da Justiça, Luziânia é uma das mais violentas do entorno do Distrito Federal. Em 2005, foram mais de 69 assassinatos por cada grupo de 100 mil habitantes na cidade.