Paloma Santos
Da Agência Brasil
Brasília - Embora reconheça o esforço do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o dinheiro a ser liberado para o reajuste na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) é insuficiente quando se considera a dimensão dos problemas do setor no país.A avaliação é do diretor da Federação Nacionaldos Médicos (Fenam), Cid Célio Jayme Carvalhaes, que preside o Sindicato dos Médicos de São Paulo.“Evidentemente, aquilo que foi proposto é insuficiente. Quase que poderíamos dizer que é nada em cimade coisa nenhuma”, afirmou, em entrevista hoje (25) à Agência Brasil.Ontem, o ministro anunciou a liberação de R$ 1,2 bilhão para o reajuste de cerca de milprocedimentos da tabela do SUSe para elevar o limite de gastos com saúde em todo o país.Com isso, o governo prevê um aumento médio de 30% nospreços pagos aos procedimentos médicos. O valor das consultas, por exemplo, foireajustado em 32,4%. Já o valor de diárias para acompanhante passou de R$ 2,65para R$ 8,00 – um reajuste de 202%. Segundo o Ministério da Saúde, os novos tetos valem para os serviços prestados a partir de1º de setembro. Os recursos são do Orçamento Geral da União e ainda devem ser aprovados pelo Tesouro Nacional. Depois, serão liberadospelo Ministério da Fazenda, em data ainda não definida.Sobre a remuneração dos médicos, a Fenam avalia que o valor recebido por consulta continuairrelevante. “Uma consulta com remuneração de R$ 7 para R$ 10 é uma defasagemmuito grande. Isso, de alguma forma, está penalizando os médicos”, afirmou Carvalhaes.De acordo com o sindicalista, oreajuste deve ser a primeira de várias medidas. “Se parar por aí, deixa de serbenefício para ser uma posição meramente enganosa, demagógica. Não pode ficarsó nisso, tem que ser um plano continuado”.Na avaliação dele, se a saúde pública tiver financiamento adequado e gerenciamento competente, haverá uma resposta mais avançada em relação à melhoria do setor.“Esses pontos sãoimprescindíveis. É claro que um milagre não vai acontecer da noite para o dia,mas se houver planejamento consistente, é possível ter resultados [melhores]”. Sobre a crise da rede hospitalar do Nordeste, ele pondera que os recursos a serem liberados não resolvem o problema, mas amenizam a situação. “No início vai melhorar, mas atéquando? Essa crise, com certeza, é um reflexo mais agudo de uma situação ruimem todo Brasil”.Recentemente, médicos dos estados de Pernambuco e Alagoas entraram em greve, reivindicando, dentre outros itens, melhores condições de trabalho e de remuneração.