Combate ao tráfico se faz com repressão e políticas públicas, avaliam pesquisadores

25/09/2007 - 16h59

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Ausência depolíticas públicas, deficiência em açõespara prevenir o crime nas cidades que estão ao redor dacapital federal, jovens expostos ao recrutamento do tráfico. Éassim que dois especialistas ouvidos pela Radiobráscaracterizam a situação do entorno do Distrito Federal,que abrange 31 cidades dos estados de Goiás e MinasGerais.“Onde não há uma açãomaciça e efetiva do Estado, no sentido de fomentar políticaspúblicas, educacionais, há a possibilidade de que osjovens sejam recrutados por esse tráfico, porque eles nãotêm escola, atividade, cursos profissionalizantes e vãose ocupar nessa atividade criminosa”, afirma o especialista emdireito criminal Jairo Lopes.Ele diz que falta a açãodo Estado no sentido de evitar que mais jovens se tornem e criminosose resgatar os que já foram recrutados pelo tráficonacional e internacional. Além disso, para Lopes, énecessária uma reforma da legislação. Noentanto, ele se coloca contra a redução da maioridadepenal da forma como ela foi proposta,. “A reduçãoda maioridade penal nos moldes em que ela se apresenta hoje seriainócua, simplesmente nós teríamos que lançarjovens de 16 anos, como é a proposta inicial, junto dosmarginais trancafiados nos presídios para maiores de idade, eeles próprios não cumprem a sua funçãosocial, que é a ressocialização”, afirma.Asocióloga Eliana Graça faz coro ao jurista Jairo Lopes.Ela lembra que a situação do Distrito Federal tem umacaracterística própria de ocupação doterritório por pessoas que vieram em busca de uma vida melhore acabaram marginalizadas pela sociedade.“As pessoas vieramindiscriminadamente em busca de melhores condições devida, de trabalho, para a região da capital federal, e, aomesmo tempo, elas foram expulsas, do Plano Piloto, foram expulsaspara as cidades satélites. E das cidades satélites parao entorno. E tudo isso numa condição muito precária,com ausência do Estado”, explica a socióloga.ParaGraça, mais do que repressão, é necessáriauma mudança na atitude da sociedade, que só empurra osmais pobres para a periferia, “empurra para o tráfico,empurra para a violência, para a criminalidade”.“O tráficoprecisa de repressão, mas se a Força Nacional deSegurança não for acrescida de medidas para solucionaras raízes do problema, ela vai embora daqui a seis meses,conseguiu controlar, deu mais ou menos uma ajuda às forçasde segurança da localidade, mas os problemas vãocontinuar”, acredita.