Juliana Andrade e Marcela Rebelo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Os participantes do 13º Grito dos Excluídos, realizado hoje (7) na Esplanada dos Ministérios, protestaram contra a privatização da Vale do Rio Doce. Os organizadores da marcha recolheram votos para o plebiscito popular, que pede a reestatização da companhia."Queremos,com esse plebiscito, expressar a vontade soberana da maioria do povobrasileiro e fazer com que seja revertido o processo fraudulento quefoi o leilão da Vale do Rio Doce", afirmou o secretário de Políticas Sociais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ismael César.De acordo com a representante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) Marina Santos, o resultado do plebiscito será entregue no próximo dia 25 a integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Para ela, mesmo sem ser oficial, a consulta é uma oportunidade de a população exercer a democracia. "Pensamos que essa é uma boa experiência,no sentido de que a sociedade vai fazendo na prática. Atéque, num certo momento, não fique mais essa democraciaparticipativa no Brasil só em período de eleições,em que a pessoas têm que depositar os votos nas urnas para escolheros seus representantes", afirmou.Mesmo não fazendo parte do Grito dos Excluídos, um grupo de dez militantes do Partido da Causa Operária (PCO) foi à Esplanada para defender a reestatização da Vale do Rio Doce. No entanto, para eles, o plebiscito não tem sentido. "A gente acha que a luta contra a privatização é fundamental, mas o plebiscito é mais uma gritaria, movimento político, para enganar a população", afirmou a militante do PCO Telma Maria.De acordo com Telma, existem outros instrumentos mais eficazes para mobilizar a população contra a privatização da companhia. "A gente considera que, se fosse um movimento mesmo, seria um movimento pela reestatização, publicação de materiais, televisão, e não como está sendo feito, panfletário. Teria que ser um negócio de fato para resolver", disse ela.Além da consultasobre a legitimidade da privatização da Vale, oplebiscito aborda três outros temas: o pagamento dos juros dadívida do governo, a privatização do setor deenergia elétrica e a reforma da Previdência.Participaram do Grito organizaçõesda sociedade civil como a CUT, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) e Movimento dos Trabalhadores Desempregados(MTD).Ao final da marcha, houve um pequeno tumulto entre participantes do Grito dos Excluídos e a Polícia Militar (PM). Contrariados por terem sido impedidos pela PM de completar o percurso na Esplanada dos Ministérios, os manifestantes se recusaram a retirar o carro de som do local. Houve discussão e ninguém saiu ferido.