Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oadvogado Bruno Lins confirmou hoje (6) à PolíciaFederal as denúncias contra seu ex-sogro, o lobista LuizCarlos Garcia Coelho, referentes a um golpe contra o fundo de pensão dos Correios, o Postalis, e um esquema para beneficiar o banco BMG. Comentou também o suposto envolvimento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), investigado atualmente pelo Conselho de Ética.Emdepoimento dado no ano passado à Polícia Civil doDistrito Federal, Lins tinha acusado Renan de participar, junto com Coelho, de umesquema para favorecer o banco BMG durante a implantaçãodo sistema de crédito consignado a aposentados e pensionistas, segundo informações publicadas pelas revistas Veja e Época no último fim de semana. A ex-mulher do advogado, Flávia Garcia Coelho, é funcionária do cerimonial deRenan Calheiros.A informação foi dada pelo advogado de Bruno Lins, Rossini Corrêa,durante entrevista coletiva. Segundo ele, seu cliente confirmou que fez saques no banco BMG nosvalores de R$ 2 milhões, R$ 500 mil e R$ 1,5 milhão, entregou odinheiro a Coelho, mas não sabe como os valoresforam partilhados. “Ele apenas prestou um favor a seu sogro eentregou o dinheiro a ele”, afirma Corrêa.Sem darmaiores detalhes sobre o depoimento, o advogado garantiu que, pornão ter tido participação direta, Lins nãosabia como funcionava o esquema.“Ele deu [à PF] notícia de fatos que viveu em razão doconvívio familiar, que tiveram sua participaçãoindireta, como reuniões e telefonemas”, disse Corrêa.Sobre Renan Calheiros, Corrêadisse que seu cliente apenas citou o nome do senador quando falouda ligação de seu sogro com políticos. Nodepoimento de nove páginas, também mencionou o senadorRomero Jucá (PMDB-RR) e o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), ex-presidente do INSS, que teriam participado de reuniões com banqueiros e conversas sobre "possibilidades de investimentos”.Linsafirma que só viu Renan Calheiros duas vezes: no seucasamento, do qual o parlamentar foi padrinho, e na posse na presidência do Senado. “Ele não temelementos que possam, de maneira direta e objetiva, levar àresponsabilidade do senador Renan Calheiros com esta malha, quecertamente causou um prejuízo ao erário”, afirmou Corrêa.Eletambém afirmou que seu cliente colocou à disposiçãoda Polícia Federal os sigilos telefônico, fiscal ebancário, e se comprometeu a levantar documentos,especialmente e-mails, e entregá-los à PF.Oadvogado conta que Lins considera o comportamento profissionalde seu ex-sogro “altamente estranho”, pela distância entreos seus rendimentos visíveis e a alta qualidade de vida de"milionário internacional". Segundo Corrêa,Coelho não tem nenhuma cor partidária. “Ele éaltamente democrático, trabalha para todas as bandeiras e paratodas as legendas, desde que haja oportunidade de negócios”,afirma.Depois de quase cincohoras de depoimento, Lins saiu sem falar com a imprensa. Além de três advogados,acompanharam o depoimento os delegados Praxitenes Praxedes e DanielFrança e o procurador da República José Alfredode Paula Silva, designado pelo procurador-geral Antonio Fernando Souza.A PolíciaCivil do DF confirma que o depoimento de Lins ocorreu e informa queestá investigando o delegado que colheu as denúncias,João Kleiber Ésper, para apurar por que nãofoi aberta uma investigação.