Mulheres exigem mais segurança em barcos da Amazônia para evitar acidentes

28/08/2007 - 21h14

João Porto
Da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - A falta de segurança nas embarcações que viajam pelos rios da Amazônia causa grandes problemas, segundo mulheres ouvidas hoje (28) em audiência na Câmara dos Deputados. Um deles é o escalpelamento, acidente em que o cabelo da vítima se enrosca nos eixos que passam por todo o barco girando em alta velocidade, podendo arrancando o couro cabeludo. Só no estado do Amapá, 1.400 mulheres foram escalpeladas e ainda existem casos de amputação de pernas e braços de crianças.Representantes dessas vítimas estiveram na Câmara dos Deputados para pedir maior atenção do poder público. Segundo a vice-presidente da associação, Maria Trindade, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) não aposenta vítimas deste acidente. Ela afirma ainda que os custo do tratamento de reparação do couro cabeludo são muito caros e não existem médicos capacitados para realizar esse tipo de cirurgia. "Nós somos tratados por clínicos geral, não têm cirurgião plástico para tratar a gente", desabafa Maria Trindade.Um projeto de Lei de número 1.531/07 que tramita na Câmara quer obrigar todas as embarcações da Amazônia a instalar itens de segurança para evitar acidentes. O texto de autoria da deputada, Janete Capiberibe (PSB-RS), exige ainda que a Capitania dos Portos e a Marinha fiscalize as embarcações irregulares.Mas essa medida é preventiva. No caso das mulheres que já sofreram acidente, grupos organizados de mulheres na Amazônia tentam em parceria com a ministra da Secretaria Especial de Políticas Públicas da Mulher, Nilcéa Freire, a aprovação de uma portaria do Ministério da Saúde para incluir essas vítimas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A portaria permitiria que elas recebessem a aposentadoria e fossem tratadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mas ainda não há prazo para a publicação de uma portaria no Ministério da Saúde. Acredito que a criação dessa portaria ainda se estenda para o mês de setembro, afirma a deputada Janete.O projeto de lei que obriga a segurança nas embarcações está sendo analisado na Comissão de Viação e transportes da Câmara e segue para a Comissão de Constituição e Justiça. Se aprovado vai para a votação dos deputados em plenário. O caminho ainda inclui passagem pelo Senado Federal. Se for aceito sem mudanças, o projeto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.