Comércio exterior brasileiro já é maior com os países emergentes, aponta Itamaraty

28/08/2007 - 21h10

Erich Decat
Da Agência Brasil
Brasília - Aimportância dos países emergentes na balançacomercial do Brasil já supera a dos paísesdesenvolvidos, como os Estados Unidos. A avaliação foiapresentada hoje (28) pelo diretor do Departamento de NegociaçõesInternacionais do Ministério das RelaçõesExteriores (MRE), Evandro Didonet, durante seminário sobrepolíticas do comércio exterior brasileiro realizado noTribunal de Contas da União (TCU).

Dados do ministério apontam que as exportações para os paísesem desenvolvimento aumentaram de US$ 26 bilhões em 2002 para US$ 75,3bilhões em 2006. Essa quantia equivale a 54,74% do total vendido pelo país e nesse mesmo período as vendas para os países desenvolvidos passaram de US$ 34,4bilhões para US$ 62,2 bilhões.

“Ospaíses emergentes são cada vez mais relevantes no planoeconômico. Os ganhos na área de comérciointernacional serão ainda maiores se mantivermos essa políticade apostas num estreitamento cada vez maior com os países doSul [emergentes]”, disse Didonet, para quem o fato não ocorre apenas no Brasil: “Hoje, vendas entreos emergentes já representam 46% do comércio exterior desses países”.

O Brasil e o Mercosul, acrescentou, não têm intenção de se fechar para outros mercados. Segundo o diretor, o principal item da agenda do ministério para os próximos meses é a negociação de um acordo comercial com a União Européia. Mas há ainda a progressão das relações comerciais com os países árabes, superados apenas pela União Européia na importação de produtos agrícolas. “Também temos negociaçõescom Israel e com a União Aduaneira da África Austral[formada por Botsuana, Lesoto, Namíbia, África do Sul eSuazilândia] para um acordo de livre comércio”,disse.

O ministro disse ainda que o Mercosul não tem acordo comercial com países desenvolvidos por causa da elevada produção de insumos: "O Mercosul é uma superpotência agrícola. QuandoMéxico, Chile ou Coréia do Sul fecham acordos com osEstados Unidos ou com a União Européia, eles nãoenfrentam o temor que a agricultura daqui desperta”. Ele também citou a pressão dos países desenvolvidos sobre o bloco: “Os acordos firmados como os norte-americanos têm normas restritivas como a previsão de um mecanismo de solução decontrovérsias entre o comprador e o Estado". Por meio desse mecanismo, explicou, um investidor estrangeiropode levar a uma corte internacional o governo do país em que aplica seu dinheiro: “O Brasil eo Mercosul não poderia aceitar uma cláusula que prevê tratamento privilegiado ao investidor estrangeiro”.