Vitória moral de Delúbio foi provar que não houve desvio de dinheiro público, diz advogado

28/08/2007 - 16h11

Juliana Andrade e Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, considerou que apesar de seu cliente ter tido a denúncia de formação de quadrilha aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), já houve uma vitória.“Eu acho que a grande vitória moral de Delúbio Soares nesse julgamento foi o reconhecimento unânime do Supremo Tribunal Federal de que ele não participou de nenhum desvio de dinheiro público, acho que essa é a principal importância desse julgamento para ele”, disse. “A rejeição da denúncia de peculato contra ele foi o seu grande saldo positivo”.O relator da denúncia no STF, ministro Joaquim Barbosa, citou depoimentos que demonstram a aproximação de Delúbio com o publicitário Marcos Valério e com a diretoria do Banco Rural. “São fartos os indícios que apontam para a importante participação de Delúbio Soares na prática dos crimes citados”.O advogado de Delúbio mantém a avaliação que havia feito durante a defesa oral: “Considero a denúncia inepta, mas respeito a decisão do Supremo”. Ele afirmou que, agora, com o recebimento da denúncia por corrupção ativa e dentro do que seria uma quadrilha, o que se vai apurar no processo é se houve um acordo entre partidos de apoio financeiro ou se houve compra de votos. “Estou confiante de que a primeira hipótese será demonstrada”, disse.O advogado de defesa considerou que será difícil para o procurador provar as acusações. “Realmente não será fácil, até porque eu acredito que não houve a compra de votos. O mensalão, com essa característica de um pagamento mensalregular, isso ficou provado que não existiu. Houve transferência sem regularidade e sem conexão com votações ou com prática de atos pelos beneficiários das transferências”.Assim como outros advogados, Malheiros espera que, a partir de agora, o processo seja rápido. “A acusação é sempre um peso. Como disse o ministro Gilmar Mendes, o processo já é pena, então quanto mais demorado, mais sofrimento ele é. Agora, eu reconheço, é um processo muito difícil de ser julgado rápido, são muitos réus e muitos fatos imputados, é uma complexidade muito grande”. A estratégia da defesa é aguardar a fase de interrogatório. “Até o interrogatório, eu, particularmente não planejo fazer absolutamente nada. E depois é acompanhar essa instrução, essas testemunhas de acusação e de defesa”.