Empréstimo não registrado deixa dúvidas em relatores do Conselho de Ética do Senado

23/08/2007 - 22h37

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O suposto empréstimo de R$ 178,1 mil tomado em 2005 pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), junto à locadora de automóveis Costa Dourada Veículos Ltda, com sede em Maceió (AL), é um dos pontos que os relatores  do Conselho de Ética Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) querem estudar melhor, entre os documentos apresentados pelo presidente do Senado. Segundo a perícia realizada pela Polícia Federal, Renan não colocou este empréstimo em sua declaração de Imposto de Renda e não fez o registro em cartório. E ainda recebeu da mesma empresa, em 2004, outros R$ 78,8 mil. Os peritos consideram que, neste caso, não houve empréstimos mas, sim, "dezenas de retiradas em espécie, periódicas, ocorridas nos primeiros meses dos anos de 2004 e 2005". A locadora tem como proprietário o empresário Tito Uchôa, primo do senador e apontado pelo usineiro João Lyra como "laranja" de Renan Calheiros na aquisição de empresas de comunicação em Alagoas. Esta acusação gerou outra representação, no Conselho de Ética, contra o parlamentar.Como não declarou estes empréstimos, a Polícia Federal desconsiderou estes valores como prova de rendimentos apresentadas por Renan Calheiros. "Esta é a questão que será avaliada por nós nos próximos dias", afirmou Renato Casagrande após ouvir as explicações do presidente do Senado em depoimento reservado, hoje.O relator acrescentou que, diante das informações prestadas por Renan, cabe aos relatores, agora, avaliar se os empréstimos têm validade para cobrir qualquer "irregularidade ou incongruência" apresentada no Imposto de Renda do presidente do Senado. Já Marisa Serrano afirmou que vai "ler cuidadosamente" os documentos relativos ao empréstimo. Segundo ela, Renan disse à comissão de relatores que o empréstimo "seria para cobrir, aos poucos, despesas que ele tinha em Alagoas". O presidente do Senado havia qualificado o empréstimo como "uma questão técnica que será discutida no Conselho de Ética". Segundo ele, "a empresa é privada e o pagamento da Mônica [Veloso] também não foi declarado [no Imposto de Renda] e isso não foi levado na mesma consideração".