Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deram voto favorável à denúncia por gestão fraudulenta contra dirigentes do Banco Rural – Kátia Rabello, José Salgado e Vinícius Samarane – e a ex-diretora Ayanna Tenório Tôrres de Jesus.Eles são acusados na denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre o esquema de compra de votos conhecido como mensalão de terem participado de 19 transações financeiras, supostamente ilegais, que somaram R$ 300 milhões.Além do ministro Joaquim Barbosa, relator do caso, votaram a favor da denúncia Marco Aurélio Mello e Cezar Peluso. No final da tarde, a sessão foi suspensa. Os demais ministros do STF votarão amanhã (24). Faltam seis – ou sete, se a presidente do tribunal, Ellen Gracie, quiser votar.Na apresentação do voto, o relator afirmou que é impossível excluir um ou outro diretor da acusação porque as transações financeiras sob suspeita envolveram um grande número de agentes financeiros. “Nesta etapa pelo menos, não dá para individualizar as condutas”, ressaltou. Segundo ele, as movimentações do banco são de conhecimento de toda a diretoria.Barbosa ressaltou ainda que a concessão de sucessivos empréstimos ao empresário Marcos Valério de Souza, mesmo sem que ele tenha pagado o primeiro, é suficiente para caracterizar gestão fraudulenta. Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, essas operações serviriam de fachada para a transferência de dinheiro para partidos políticos.O ministro Marco Aurélio Mello acompanhou o relator. Ele, no entanto, disse não estar certo se os denunciados devem ser processados por gestão fraudulenta (em que se utilizam meios ilegais para enganar os sócios ou clientes de uma instituição) ou temerária (crime considerado menos grave, que consiste em administrar bens de forma imprudente). O ministro Cezar Peluso reiterou o argumento de Barbosa de que, pelo menos na fase de recebimento da denúncia, não cabe ao STF definir, de forma individual, as acusações contra os diretores do Banco Rural.O processo de votação foi dividido conforme os tipos de crimes apontados pelo Ministério Público. Somente a acusação de gestão fraudulenta, pela qual os quatro ex-diretores do Banco Rural respondem, começou a ser votada na sessão de hoje (23). Os ex-dirigentes foram denunciados ainda por evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.