Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse hoje (23) que os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que abandonaram a delegação de Cuba durante os Jogos Pan-Americanos, em julho, no Rio, foram deportados porque havia problema no visto dos dois. “Eles efetivamente estavam [no Brasil] por prazo determinado e, como desapareceram da delegação, houve um desvirtuamento desse visto, e eles foram dados como desaparecidos. E isso está previsto dentro da lei”, afirmou o ministro, ao participar de audiência pública, na Comissão de Relações Exterioresdo Senado, para explicar a atuação do governo brasileiro no caso.Segundo o ministro, a delegação cubana fez um registro do desaparecimento dos dois boxeadores e foi por isso que a polícia foi à procura dos atletas. De acordo com o ministro, quando os pugilistas chegaram à Polícia Federal de Niterói (RJ), manifestaram desejo de voltar a Cuba. “O secretário [nacional] de Segurança Pública me avisou: recebi uma informação de que os cubanos foram acolhidos pela Polícia Militar do estado e orientei para que se cumprisse a lei. Foram levados à Polícia Federal, manifestaram essa intenção de voltar ao seu país”, lembrou Tarso Genro. Em documento entregue durante a audiência pública pelo Ministério da Justiça, o procurador da República Leonardo Luiz Figueiredo Costa, que esteve com os boxeadores, afirma que os atletas lhe disseram que queriam voltar a Cuba. “Tanto Guillermo quanto Erislandy narraram-me o desejo de regressar a Cuba, dizendo que tinham família [filhos e esposa], que eram heróis em sua terra natal e que não tinham medo das sanções que eventualmente viessem a sofrer”, diz o documento. No texto, o procurador conta que se ofereceu para ajudar os boxeadores cubanos, caso quisessem ficar no Brasil, e que enviou documento com informações sobre o caso ao Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça. Mesmo assim, "os atletas insistiram que o único desejo deles era regressar a Cuba". Perguntado se os pugilistas ficaram presos, como foi divulgado na imprensa, o ministro da Justiça afirmou que em momento algum isso aconteceu. Segundo o ministro, eles ficaram em “liberdade vigiada”. “Eles sequer ficaram presos na Polícia Federal. Eles ficaram num hotel, com vigilância da Polícia Federal, nas normas regulamentares da legislação que prevê esta tipicidade para os estrangeiros em situação irregular, e voltaram para sua terra”, disse. Os pugilistas deixaram a Vila Pan-Americana, no Rio, no dia 22 de julho para comprar equipamentos eletrônicos na companhia de dois supostos empresários alemães, que teriam prometido aos cubanos um contrato para lutar na Alemanha. Eles foram encontrados pela Polícia Militar nNo último dia 2, em Araruama (RJ). A delegação cubana havia feito um registro policial do desaparecimento de Guillermo e Erislandy.