Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de ponderar quea denúncia contra os 40 acusados de participar do mensalãoé um "marco na história do país" e quediscorda de várias críticas feitas até o momentopor seus colegas, a advogada Roberta Maria Rangel, defensora doex-deputado Professor Luizinho, disse que a peça de acusaçãoapresentada pelo procurador-geral da República, AntonioFernando de Souza, é "negligente" e tem um defeitode ordem lógica.“Partiu-se para as conclusõessem citar as premissas”, avaliou hoje (23) a advogada, durante osegundo dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que vaidecidir se acata a denúncia, o que faria os acusados passarema responder como réus em ação penal, ounão.Rangel disse que a única premissa dadenúncia para justificar a acusação contra oex-deputado seria o fato de ter ocupado “o estratégico cargode líder do governo com o aval do núcleo políticodo esquema do mensalão”, segundo a denúncia.Paraa advogada, no entanto, “os acontecimentos em si não levam aautoria dos fatos ao Professor Luizinho, e sim a seu assessor JoséNilson dos Santos”. O assessor teria pedido dinheiro para financiarcampanhas de três candidatos a vereador e o deputado teriaencaminhado a demanda ao então tesoureiro do PT, DelúbioSoares.De acordo com a defesa, o dinheiro foi sacado em umaagência do Banco Rural na cidade de São Paulo eutilizado para pagar material gráfico de campanha. “Nãotem nada de ilícito em fazer um saque em um conta corrente, àluz do dia, na Avenida Paulista. Ele não sabia que o dinheiroera de origem ilícita”.Ao pedir que o Supremorejeite a denúncia, a advogada lembrou que o ex-deputado foiinocentado pelo Conselho de Ética da Câmara e recomendou“sabedoria” aos ministros.Negligência tambémfoi apontada pelo advogado do ex-deputado João Magno,Welington Valente. Ele apontou “inépcia” da denúncia,por não comprovar a ausência de provas sobre a supostalavagem de dinheiro cometida por seu cliente, e disse que a atuaçãodo procurador-geral é “imprecisa e negligente”.Valentedisse que João Magno pediu dinheiro ao diretórionacional do PT para pagar despesas de campanha e foi “prontamenteatendido” por Delúbio Soares. De acordo com ele, autilização do dinheiro foi comprovada na prestaçãode contas ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais. “Ondeestá a ocultação do dinheiro, se tudo foicomprovado por notas fiscais verdadeiras e recibos de pagamentos?”,disse.