Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O esporte faz parte da rotina de pessoascom deficiência do Complexo da Maré, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio deJaneiro. Cerca de 150 alunos praticam, duas vezes por semana, natação,ginástica, atletismo e outras modalidades na Vila Olímpica da Maré, criadae mantida pela prefeitura há sete anos.Alguns alunos foram hoje (14) assistir às provas de natação e obasquete em cadeira de rodas do Parapan-Americano. A adolescente Mayara LimaSoares, 14 anos, achou diferente ver as brasileiras jogarem basquete em cadeirade rodas contra a equipe do México, na Arena Multiesportiva.Ela ficou encantada com a nadadora canadense StephanieDixon, embaixadora do Parapan e que visitou a vila. Mayara pratica nataçãodesde os seis anos de idade e, com timidez, fala das quatro medalhas que jáconquistou em torneios comunitários. “O que a gente não tem na perna, a gentetem no braço”, diz.A mãe da cadeirante, Maria Iara, disse que, antes da vila,não sabia que a filha podia praticar esporte. Ela destacou que nem mesmo aviolência da comunidade impede Mayara de freqüentar as aulas. “De vez emquando, a gente ouve uns tiros, mas vai assim mesmo. A gente só não vai se omundo estiver caindo”. Já o aluno Cláudio Silva, 31 anos, prefere o atletismo, mastorceu pelas brasileiras do basquete. “Tem gente sem perna que joga basqueteassim como eles [jogadores sem deficiência] fazem. São iguais, não são?”,afirma.A professora de educação física Patrícia Melo, que trabalhana vila desde 2002, explicou que a atividade física melhora a auto-estima daspessoas com deficiência. “Eles chegam na vila sem esperança”, contou,acrescentando que os pais acompanham as aulas das crianças. Conforme Patrícia, a maioria dos alunos atendidos apresentaparalisia cerebral e a natação é o esporte mais procurado. “Quando chega navila e vê a piscina, acho que encanta”, diz.