Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 50 trabalhadores rurais vítimas do massacre de Corumbiara, em Rondônia, estão, neste momento, em frente ao Palácio do Planalto. Eles vieram a Brasília reivindicar do Estado tratamento de saúde e indenizações para os que tiveram seqüelas com o massacre, como balas alojadas no corpo e transtornos psicológicos."Nós estávamos trabalhando para dar o pão de cada dia para nossos filhos, mas os jagunços e policiais chegaram lá no meio da noite, destruíram tudo o que plantamos, atiraram e ameaçaram com motosserras. Foi uma tragédia como nunca poderíamos esperar", contou Antonio Orias, agricultor de 53 anos.Há pouco, cinco representantes do grupo entraram no Palácio do Planalto para uma reunião na Casa Civil.O massacre ocorreu há 12 anos, durante ação de reintegração de posse dafazenda Santa Elina, no município de Corumbiara, a 780 quilômetros dacapital, Porto Velho. Parte da fazenda havia sido ocupada no dia 14 de julho de 1995 por centenas de famílias, e a ação de reintegração, que culminou no massacre, foi no dia 9 de agosto daquele ano. De acordo com os trabalhadores que aguardam em frente ao palácio, o número oficial de mortos no massacre é de 16 pessoas e há sete desaparecidos. Para os agricultores, entretanto, o número de mortos pode ter passado de 100, pois, segundo eles, muitos mais teriam sido mortos por policiais e jagunços e enterrados sumariamente. Antonio Orias contou que na delegacia de polícia do município foi torturado com choques elétricos na orelha e recebeu pancadas na altura do quadril.