Em protesto contra corrupção, servidores lavam calçada diante da Funasa em Manaus

09/08/2007 - 20h34

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Com vassouras, baldes cheios de água e caixas de sabão em pó, um grupo de servidores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) lavou na manhã de hoje (9) a calçada diante da sede da instituição na capital. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Amazonas (Sindsep) como um ato contra os esquemas de corrupção no órgão, investigados pela Polícia Federal desde o fim de julho. Os servidores exigem do poder público mais rigidez nasinvestigações e auditoria específica, a fim de avaliar a compra de passagens aéreas e de combustível, e a concessão de diárias. "Nós fizemos um ato para forçar a designação de uma auditoria paraapurar as irregularidades denunciadas. E pediremos uma audiência com o procurador da República no Amazonas paraagilizar essas investigações", disse o secretário de Finanças do Sindsep, Walter Matos. Ele explicou que não está em questão "a pessoa doFrancisco Ayres [coordenador da Funasa], e sim a política que estásendo conduzida nesse órgão, que na nossa opinião é contrária aosinteresses da população".Dois dos acusados de terem recebido parte do dinheirodesviado, Rogério Correa e Luciana da Rocha, confirmaram hoje ter emprestadosuas contas aos estagiários. Ambos foram indiciados por formação dequadrilha e peculato (desvio de recursos públicos). "Eles disseram não ter ficado com parte do dinheiro, contrapondo-se ao que foi ditopelos estagiários", informou o escrivão Ricardo Seixas, queauxilia o delegado Mário César Leal, da Polícia Federal, responsável pelocaso.Em depoimento na semana passada, o estagiário Manoel de OliveiraPaixão Neto confessou seu envolvimento e também o da estagiária na época,Fabíola Viana Lemos, em uma fraude de R$ 50 mil na emissão de passagense diárias, de maio a setembro de 2006. O superior imediatode Fabíola, Carlos Chaves, é tio de Manoel e permanecerá afastado docargo até o final das investigações. O advogado deFabíola, Adalberto Bittar, disse que sua cliente foi coagida paraassinar a confissão. De acordo com a Polícia Federal, ainda podem ser convidadas adepor pelo menos 20 pessoas relacionadas ao esquema, que de maio de 2006 a junho passado registrou desvio de R$ 1,5 mil, em média, a cada 15 dias. O valor total desviado ainda não foi divulgado.O chefe da Controladoria Geral da União (CGU) no Amazonas, Fábio doValle, informou que já solicitou ao diretor de auditorias da áreasocial desse órgão, Cleômenes Viana, uma auditoriaespecífica para apurar as denúncias. "De um modo geral, a Funasa precisa de mais atenção porque aincorporação de novas responsabilidades, como os cuidados com osDistritos Sanitários Especiais Indígenas, traz novos desafios queprecisam de profissionalismo e de nova dimensão gerencial", disse.