Trabalhadores rurais denunciam ameaças contra lideranças em Alagoas

09/08/2007 - 20h05

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 150 pessoasparticiparam hoje (9) de ato de solidariedade contra a violênciano campo, realizado em frente à sede da Ordem dos Advogados (OAB) emMaceió pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e osmovimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Libertaçãodos Sem Terra (MLST) e Terra, Trabalho e Liberdade (MTL). Do ato participaram representantes do Conselho Estadualdos Direitos Humanos, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, padres e pastores religiosos. “O ato mostrou quea sociedade está preocupada e essa é uma luta de todosaqueles que acreditam em um amanhã melhor”, disse o coordenador da CPT no estado, Carlos Lima.Uma carta denunciando ameaças de assassinato por parte de proprietários de terras da região foi lida e aprovada durante a manifestação. O documento será protocolado amanhã (10) no Ministério Público estadual e federal, no Tribunalde Justiça e na sede do governo estadual. À tarde, representantes das entidades se reunirão com o secretário daDefesa Social de Alagoas, general Sá Rocha.Segundo a CPT, lideranças de trabalhadores rurais no estado vêm recebendo ameaças por telefone. “Nós tambémrecebemos e-mails de pessoas amigas alertando para um grupo queameaça assassinar uma liderança”, disse o coordenador. Essas ameaças seriam em resposta à intervenção no cartório domunicípio alagoano de Murici.A intervenção ocorreu depois que cerca de 800 trabalhadores ligados a diversos movimentos ocuparam, no dia 25 de julho, a fazenda Boa Vista, do deputado federal Olavo Calheiros (PMDB-AL). Aordem de desocupação veio dois dias depois e os movimentos resolveram denunciar o cartório de Murici aoTribunal de Justiça do estado, por ter "fama de fraudes em grilagens de terra".O procurador SebastiãoCosta filho aceitou a denúncia e decretou intervençãono cartório por 90 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.Com a investigação, segundo o coordenador da CPT, “os fraudadores e oslatifundiários têm medo do que possa vir à tona”.