Estados Unidos fizeram vista grossa para narcotráfico colombiano, explica Maierovitch

09/08/2007 - 20h18

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - Os norte-americanos faziam vista grossa e ajudavam indiretamente o trabalho do cartel colombiano Vale do Norte, onde atuava o narcotraficante Juan Carlos Abadia, preso na última terça-feira (7) pela Polícia Federal, em São Paulo. Foi o que afirmou o especialista em crime organizado Walter Maierovitch, em entrevista concedida hoje ao programa Amazônia Brasileira, da Rádio Nacional da Amazônia.“Essa organização [Vale do Norte] é potente, sempre teve o apoio do Estado (colombiano) na guerra da insurgência. E teve o apoio indireto dos norte-americanos, que sempre fecharam os olhos porque esse cartel financiava os paramilitares na luta contra os insurgentes das Farc e do Exército de Libertação”, disse.As Forças Armadas  Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) são as duas principais guerrilhas do país. Os EUA consideram as Farc uma organização terrorista.Apesar da complacência dos EUA, o especialista afirma que o Vale do Norte não segue ideologia política, mas apenas “persegue o lucro". "E não demorou para esse cartel mandar drogas para os Estados Unidos e estabelecer uma rede de comunicação com os cartéis do México, pelo lado do Pacífico, onde começou a entrada de droga para os Estados Unidos”.Maierovitch afirma que cerca de 80% da cocaína que circula no mundo vem da Colômbia, movimentando mais de US$ 300 bilhões por ano. E depois que os colombianos desbarataram os cartéis de Cali e de Medellín, o tráfico de drogas naquele país se organizou em pequenos núcleos, restando apenas o Vale do Norte com uma estrutura mais complexa. Como esse grupo criminoso é forte, Maierovitch acredita que o papel de Juan Carlos Abadia será logo ocupado por outra pessoa.Leia mais da entrevista.