Aeronáutica e Ministério da Defesa estão blindando informações, diz procurador

09/08/2007 - 15h32

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O procurador da República, Matheus Beraldi Magnani, afirmou hoje (9) que a Aeronáutica está fazendo uma blindagem de informações requisitadas pela Justiça sobre o setor aéreo brasileiro.“As informações a que eu havia tido acesso pelos mandados [judiciais] são necessárias para o progresso das investigações. Eu reitero: acho essa bindagem de informações feita pelo Ministério da Defesa, pela Aeronáutica, muito ruim para a sociedade”, disse, em audiência pública na Comissão Paralamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo no Senado Federal.Magnani foi quem solicitou o mandado de busca e apreensão dos relatórios de controle de tráfego aéreo nos Aeroportos de Congonhas e Guarulhos, além do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindicacta-1). A busca pelos documentos ocorreu na última terça-feira (7).Por meio de uma liminar, a Aeronáutica requisitou a devolução dos documentos, argumentando que as informaçõs precisavam de um tratamento especial."Não houve nenhuma solicitação anterior para que fornecêssemosaqueles documentos. Para nós, foi uma surpresa logo de manhã com ospoliciais federais com mandado judicial de busca e apreensão daquelematerial", disse ontem (8) à CPI o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.O procurador afirmou ter feito o pedido porque faz uma investigação para analisar os riscos aos quais os passageiros estão submetidos e os possíveis problemas no trafégo aéreo.Ele disse ainda que a atividade de controle de tráfego aéreo é uma atividade civil como a educação e saúde. Por isso, acrescentou, não há razão para restringir informações sobre o tema."Se defender a tese de que é um tema cujas as informações mereçam um tratamento especial, talvez até sim. Mas blindar as informações, não. Existe um abismo separando a sociedade das informações relativas ao controle de tráfego aéreo”.Magnani sugeriu que seja criada uma comissão civil para ter acesso a informações sobre o controle de tráfego aéreo. “Seria um órgão misto, composto por militares e membros da sociedade civil, que tivessem acesso a esses dados. Esse órgão misto viabilizaria o acesso à informação. E isso é algo que combina muito com a democracia”.Para o relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), a comissão é uma boa sugestão. “O ministro Jobim [Nelson Jobim, ministro da Defesa] disse que verá como trata essas informações, e vai propor uma modificação, inclusive, no código Brasiliero de Aeronáutica, na redefinição de atribuições”.