Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Agricultores do acampamento Osiel Alves ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciaram ameaças e agressões por parte de policiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que ontem (7) oficializaram, pela quarta vez neste ano, ordem de reintegração de posse da fazenda Palma, no município de Pedro Osório, a 305 quilômetros de Porto Alegre.A operação foi realizada por 500 homens, alguns a cavalo, para retirar do local cerca de 250 pessoas e também apreender armas. "A proporção deve ser de dois policiais para um invasor, porque isso gera segurança. Não houve incidentes porque os agricultores sabiam que a Brigada estava preparada para usar a força e isso desanima os invasores”, informou o Coronel Paulo Roberto Mendes, responsável pela ação militar que durou toda a manhã. Segundo a coordenadora do acampamento, Irma Ostroski, no entanto, os policiais não respeitaram os agricultores e coagiram as famílias com ameaças, além de terem invadido o acampamento, que fica fora da área da fazenda. “Nossas crianças foram revistadas com armas apontadas para suas cabeças e as mulheres foram revistadas por homens fardados", disse. Ela explicou que o clima ficou tenso porque os militares cercaram o acampamento “colocando a cavalaria à frente e atropelando as pessoas”. E acrescentou: “A gente não revidou porque sabia que poderia acontecer um massacre”. Os agricultores também denunciaram a destruição de uma horta pelos militares.O coronel Mendes refutou as denúncias e afirmou que “o MST pulveriza a imprensa com fatos inverídicos para criar tumulto e confusão”. E informou que na operação, “acompanhada por veículos de comunicação da localidade”, a Brigada Militar não encontrou armas e nem prendeu agricultores.Ainda segundo o coronel, as ocupações do MST no estado ficam sempre perto de assentamentos regularizados, como no caso da fazenda Palma, separada apenas por uma cerca do assentamento Novo Pedro Osório, onde está o acampamento Osiel Alves.Amanhã (8), o Ministério do Desenvolvimento Agrário deverá realizar uma audiência pública no município para discutir a questão fundiária com os moradores.