Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 50 pessoasforam presas e diversos bens públicos e privados destruídosem incidentes ocorridos ontem (7) em Baucau, no Timor Leste. Ainformação é da Agência Lusa, que a apuroupor telefone junto a moradores da cidade, a segunda mais importantedo país, a 120 quilômetros da capital, Díli.Osmanifestantes se dizem apoiadores da Frente Revolucionária doTimor Leste Independente (Fretilin), partido contrário àescolha de Xanana Gusmão para ser o primeiro-ministro do país– foi empossadohoje pelo presidente José Ramos Horta.O comérciofechou as portas e o mercado novo, localizado na parte alta dacidade, também não funcionou, por falta decomerciantes. Um dos bens danificados é a diocese de Baucau. AFretilin, liderada pelo ex-premiê Mari Alkatiri, um lídermuçulnano, tem restrição à Igreja Católica, que teve papel forte na independênciado país e goza de influência na região,como explicou o sociólogo português Boaventura de SousaSantos em entrevistarecente à Agência Brasil.Também foiatacada a sede da Fundação Alola, organizaçãonão-governamental que presta assistência em diferentessetores e gere diversos programas de formação e ajuda,fundada e dirigida por Kirsty Sword-Gusmão, mulher de XananaGusmão.Na parte alta da cidade, foram incendiados orestaurante Benfica, o edifício da administraçãoestatal e a parede exterior da antiga gráfica da diocese, ondeainda funciona a administração. Um incêndiodestruiu também o infantário da Caritas diocesana,embora um residente ouvido pela Lusa tenha dito que "o ataqueencobriu provavelmente um roubo, porque o recheio do infantáriofoi levado pelos atacantes".Outros estragosverificaram-se na Pousada do Bom Sossego e na residência dosprofessores portugueses, que teve parte dos vidros quebrada porpedras.A violência foi atenuada hoje com a chegada detrês veículos da GNR, força de segurançamilitarizada portuguesa que integra a polícia das NaçõesUnidas (Unpol). Militares timorenses também reforçam asegurança.