Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho,reconheceu, hoje (8), em encontro com representantes de movimentossociais, que o banco precisa melhorar seu sistema de informaçõespara garantir mais transparência em relação aosempréstimos que efetua. “Nós estamos pondo em marchaum processo para tornar o banco mais transparente”, disse ele.Coutinho participou da7ª Assembléia Nacional da Rede Brasil sobreInstituições Financeiras Multilaterais, evento que segue atésexta-feira. No início do mês passado, ele jáhavia mantido um encontro com representantes de diversos movimentossociais, vários deles integrantes da rede, para receberpropostas dos ativistas para mudanças nos critériosutilizados pelo banco em seus empréstimos, incluindo maiortransparência e rigor na análise dos impactos dosempreendimentos.As propostas foramconsolidadas num documento chamado Plataforma BNDES. Entre asreivindicações, a de que o banco divulgue melhor osdados sobre os empréstimos que realiza e as condiçõessocioambientais relacionadas a eles, além de dados maisdetalhados das empresas. O presidente do BNDESafirmou que o banco não dispõe atualmente de um sistemacapaz de fornecer certas informações, mas que essasituação deve mudar em breve. Segundo ele, hoje, sóhá dados disponíveis sobre a quantidade de empregos quedeterminado empreendimento deverá gerar, porque,historicamente, como o banco é mantido com recursos do Fundode Amparo ao Trabalhador (FAT), consolidou-se a idéia de queera necessário gerar empregos a partir dos empréstimos.“Eu diria que é o único indicador desenvolvido.”Coutinho declarou ter“mais de 80%” de concordância com o documento propostopelos movimentos e disse que as divergências estão emdetalhes. “Me sinto absolutamente sintonizado”, disse. Eleafirmou ainda estar de acordo em que o banco deve fomentar odesenvolvimento regional, o combater às desigualdades sociaise a integração do continente sul-americano.O economista reconheceuainda que há uma concentração dos empréstimosdo BNDES nas regiões mais desenvolvidas do país,Sudeste e Sul, outra das reclamações dos ativistas. Ele afirmou que, atualmente, há um esforçopara detectar os “vazios” de investimento no país, paratentar encontrar maneiras de orientar recursos para essas regiões.“Nós temos que olhar as atividades que as comunidades debaixa renda podem desenvolver”, disse.Indagado pelosmovimentos sobre os financiamentos que o BNDES faz a empreendimentosquestionados por ambientalistas, como hidrelétricas, eleafirmou que o banco não financia projetos que nãotenham licença dada pelos órgãos públicosde fiscalização ambiental, porém não temcomo responsabilidade pôr em dúvida essas autorizações.“Nós somos um agente financeiro. Nós nãopodemos e não iremos financiar nada que não tenha odevido e correto licenciamento. Agora, se tiver o licenciamento, nãohá por que a gente não possa financiar.”