Alta do leite puxou inflação de julho

08/08/2007 - 15h26

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O aumento nos preços dos alimentos, principalmente do leite e seus derivados, foi o principal responsável pela alta de 0,24% registrada em julho pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Com o resultado, a inflação medida pelo indicador soma 2,32% no acumulado do ano. No mesmo período de 2006, o índice foi de 1,73%. O IPCA é usado pelo Banco Central como referência para definir as metas de inflação.

A taxa de julho, divulgada hoje (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou abaixo dos 0,28% apurados em maio e junho e acima dos 0,19% contabilizados em igual período do ano passado.

O maior índice de inflação foi na região metropolitana deSalvador (0,58%), onde vários itens, como a gasolina e os alimentos,tiveram variação acima da média nacional.

Segundo a responsável pelo índice, Eulina Nunes, o ligeiro recuo do IPCA em relação a junho e maio só ocorreu por causa da deflação de 0,17% na região metropolitana de São Paulo, provocada pela queda nas tarifas de energia elétrica. Sozinha, a região responde por mais de 30% da formação da taxa nacional de inflação.

"A maioria das outras regiões ficou com taxas de inflação em torno de 0,5%, e são elas que mostram com mais clareza o que de fato ocorreu em termos de preços no mês de julho, que foi a pressão dos alimentos”.

No mês avaliado, os alimentos subiram1,27% e continuaram pressionando a inflação para cima, repetindo oquadro dos últimos meses.

O maiorimpacto voltou a ser o leite pasteurizado, cujos preços já tinhamsubido 12,4% em junho e aumentaram ainda mais em julho, atingindovariação de 15,7% e inflacionando também derivados como queijo (5,8%) eleite em pó (9,3%).

Nunes lembrou que oavanço no preço do leite é conseqüência do intervalo de tempo entre umasafra e outra, agravado por condições climáticas. Além disso, houveaumento da demanda pelo produto gerada pela melhoria da renda dasfamílias.

“Os pastos ficam secos, aprodução diminui e o produtor despende mais dinheiro para complementara alimentação animal. Mas não é só isso. O mundo está vivendo umademanda maior por leite e o Brasil também. A renda maior faz com que ademanda, tanto para leite como para queijos, aumente. Então, existe umapressão de demanda num quadro de escassez".

Outrosalimentos que também tiveram alta de preços foram carne (3,58%); frango(1,64%); ovos (2,80); e o feijão, tanto o carioca (4,52%) como o preto(4,02%).

Além dos produtos alimentícios, também contribuíram para a inflação os aumentos nas contas de telefone fixo (0,6%) e nos gastos com empregados domésticos (1,14%).

Em sentido contrário, houve redução nos preços dos combustíveis (0,98%), com aumento da oferta da cana-de-açúcar no mercado, e também da energia elétrica (3,0%), puxada pela diminuição das tarifas em São Paulo.

O cálculo do índice é feito com base nos preços para famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos residentes em nove regiões metropolitanas do país, mais Brasília e Goiânia.

Além do IPCA, o IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de baixa renda, entre 1 e 6 salários mínimos.

Em julho, o índice ficou em 0,32%, superando a inflação medida pelo IPCA. A diferença entre as taxas é explicada pelo peso maior que a alimentação tem no orçamento das as famílias de baixa renda.

"Para as pessoas que tem renda mais baixa a inflação foi maior em julho justamente porque a principal pressão foi exercida pelos alimentos e eles têm uma importância relativa muito maior no bolso das famílias que ganham menos”.