Elaine Patrícia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O governador paulista José Serra disse que a construção de um novo aeroporto é um projeto de “longuíssimo prazo” e que apresenta-lo agora como solução “é ignorar a complexidade ambiental da obra”.Após reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, Serra apresentou sugestões para desafogar a sobrecarga de aviões no Aeroporto de Congonhas, onde aconteceu o maior acidente da aviação brasileira na semana passada.Para o governador, é importante que em Congonhas “seja feita uma área de escape, não para intensificar o número de vôos, que tem que ser diminuído, nem para aumentar o peso das aeronaves, mas para aumentar a segurança da população, que independe da intensidade do tráfego aéreo de Congonhas. Congonhas é uma espécie de porta-aviões”.“Teríamos que otimizar Viracopos [em Campinas] e Guarulhos para fazer com que em torno de 7 milhões de passageiros por ano sejam deslocados para esses dois aeroportos”, defendeu o ministro Jobim.Serra também fez críticas à organização do setor aéreo: “É preciso reorganizar, institucionalmente, o setor de aviação no Brasil, para solução desse problema angustiante que envolve a população brasileira na segurança, conforto e, às vezes, na própria obstrução de deslocamento das pessoas pelo país”. Segundo ele, a questão é despolitizar a Infraero, “hoje loteada entre partidos, profissionalizá-la, aumentar sua eficiência e coloca-la no rumo certo”.Jobim defendeu “também se examinar a transferência do máximo possível para o aeroporto de Jundiaí, da aviação geral, que corresponde a táxi-aéreo e vôos particulares. E também reestudar a malha brasileira com a redistribuição das autorizações de horários de transportes.O documento entregue por Serra ao ministro afirma que “a Infraero investiu centenas de milhões de Reais na área de passageiros e a Anac pouco ou nada fez para desconcentrar a malha aérea baseada nesse aeroporto. Pelo contrário, foi cedendo às pressões das companhias aéreas. Uma agência governamental é criada para regulamentar o mercado, e não para servir a um dos lados, às empresas”.