Meio milhão de pessoas sofreram acidentes de trabalho em 2005

27/07/2007 - 9h17

Irene Lôbo e Juliana Andrade
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Geralmente, uma pessoa passamais de um terço do seu dia no ambiente de trabalho, ou oitohoras por dia. Por esse motivo, as condições detrabalho podem ter um efeito direto na saúde e no bem-estardos trabalhadores. Prova disso é que, de acordo com o últimoAnuário Estatístico da Previdência Social, em2005 ocorreram cerca de 491 mil acidentes de trabalho e doençasocupacionais notificadas, quase meio milhão de pessoas, e 2,7mil mortes. Hoje (27) comemora-se o Dia Nacional de Prevençãode Acidentes de Trabalho.

Em relação aos anosanteriores, o número de acidentes de trabalho estáaumentando. Em 2004, foram cerca de 466 mil acidentes, 24 mil a menosque 2005, e em 2003 foram cerca de 399 mil, quase 90 mil acidentes amenos. Somente em junho deste ano, segundo o Boletim Estatísticoda Previdência Social, foram pagos 29.290 benefíciosacidentários, entre aposentadoria por invalidez (264),auxílio-doença (28.208) e auxílio-acidente detrabalho (818). O valor total pago apenas no mês de junho comproblemas relacionados aos acidentes de trabalho soma R$ 20,7milhões.

De acordo com o diretor doDepartamento de Segurança e Saúde no Trabalho doMinistério do Trabalho e Emprego (MTE), Rinaldo Marinho, esseaumento se deve a diversos fatores, entre eles o aumento do númerode empregos formais no Brasil. Para se ter uma idéia, em todoo ano de 2003 foram admitidos com carteira assinada 9,8 milhõesde trabalhadores. Em 2004, esse número subiu para 11,2 milhõese em 2005, para 12,1 milhões, segundo dados do Cadastro Geralde Empregados e Desempregados (Caged).

“Há um maior númerode trabalhadores expostos, conseqüentemente um maior númerode acidentes de trabalho”, explica Rinaldo. Outro fator seria oaumento das fiscalizações do trabalho, econseqüentemente do número de notificaçõesde acidentes de trabalho. Uma terceira razão seria a melhoriada rede de atenção à saúde do trabalhadordo Ministério da Saúde, com profissionais capacitadospara reconhecer os casos que são acidentes de trabalho.

Para ajudar os médicos aidentificar os acidentes de trabalho e tratar adequadamente asvítimas, o Ministério da Saúde lançou emabril deste ano seis Protocolos de Atenção àSaúde do Trabalhador. As publicações abordamacidentes de trabalho fatais, graves e com crianças eadolescentes; por exposição ao chumbo metálico;perda de audição por ruído; doençascausadas por exposição à poeira; por exposiçãoao benzeno e doenças de pele ocupacionais.

“O trabalhador em saúde jáestá obtendo conhecimentos para poder fazer o reconhecimentodos quadros que são atendidos pelo SUS em relaçãoao trabalho que o usuário exerce. Os protocolos continuamsendo distribuídos para todos os estados do país, e aolongo deste ano estamos programando capacitações nopaís inteiro”, afirma o coordenador da Área Técnicade Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde,Marco Antônio Perez. Segundo Perez, o SUS também vem implantandoa Rede Nacional de Atenção Integral à Saúdedo Trabalhador (Renast), uma rede de serviços, tanto estaduaisquanto municipais, que estão sendo habilitados para darassistência técnica na área de saúdepública, nas questões de saúde do trabalhador,acidentes, doenças do trabalho, prevenção epromoção. Atualmente, existem 150 Centros de Referênciade Saúde do Trabalhador (CRST) em todos os estados brasileiros.