Acidentes no trajeto casa-trabalho foram os que mais aumentaram em quatro anos

27/07/2007 - 10h00

Irene Lôbo e Juliana Andrade
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Os chamados acidentes de trabalho de trajeto, aqueles que acontecemquando o empregado se dirige ao local onde trabalha, ou na volta à casa, foram osque mais aumentaram nos últimos quatro anos. Dados do Ministério daPrevidência Social (do Anuário Estatístico 2005) mostram que, de 2001a 2005, os acidentes de trajeto aumentaram 35,88%. Em 2003, houve49.642 ocorrências desse tipo; a quantidade aumentou para 60.335 em2004 e para 67.456 em 2005 (ou 2,55 acidentes para cada mil pessoas).

Osdados da Previdência também mostram que, em 2005, os acidentes detrajeto atingiram principalmente jovens na faixa etária entre 20 e 24anos, com 13.793 casos. Para efeito de comparação, na faixa etáriaentre 40 e 44 anos o número de ocorrências foi quase a metade, 6.925.Na faixa etária de 45 anos ou mais, houve 11.279 registros.

RemígioTodeschini, presidente da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurançae Medicina do Trabalho (Fundacentro), ligada ao Ministério do Trabalho,revelou que cerca de 209 mil vítimas de acidentes de trabalho em 2005tinham entre 16 e 19 anos.

“Acada ano entram no mercado de trabalho cerca de 1,5 milhão detrabalhadores, em sua grande totalidade jovens com até 29 anos.Normalmente não há uma preparação, uma qualificação mais adequada, pelofato de os jovens não terem maior experiência profissional nas diversasatividades econômicas”, explica Todeschini.

Osecretário de Políticas de Previdência Social do Ministério daPrevidência, Helmut Schwarzer, diz que tanto o Ministério dosTransportes quanto o das Cidades já estão implementando políticas paramelhorar as condições de segurança nas estradas e ruas. Entretanto, eleressalta que o empregador também deve fazer a sua parte.

“Eletem que se preocupar também com uma condução mais segura para os seusfuncionários e procurar ajudá-los a prevenir esses acidentes detrânsito”, disse.

Para odiretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministériodo Trabalho e Emprego (MTE), Rinaldo Marinho, o aumento dessasocorrências é conseqüência da violência no trânsito e da violênciaurbana, já que se considera acidente de trajeto qualquer lesão que otrabalhador sofra no caminho entre sua residência e o local detrabalho, e vice-versa.

“Podeser um assalto, um acidente com o veículo. A gente tem uma grandedificuldade nas ações do Ministério do Trabalho e Emprego de intervir.Nossos instrumentos são muito mais adequados para intervir no ambienteda empresa, nos acidentes típicos e nas doenças relacionadas aotrabalho”, afirma.

Segundo aPrevidência, os estados com mais acidentes de trajeto foram,respectivamente, São Paulo, com 25.494 casos, ou 37,7% do total decasos no Brasil; em seguida vem o estado de Minas Gerais, com 6.499acidentes e o Rio de Janeiro, com 6.196 casos.Para RinaldoMarinho, um caso que chama a atenção na cidade de São Paulo é a dosprofissionais motoqueiros, também conhecidos como motoboys. Segundo ele, algumas estatística apontam que todos os dias morre pelo menos um motoboy na maior cidade da América Latina