Banco do Sul não se sobrepõe a BNDES, afirma professor

22/07/2007 - 13h28

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma das ressalvas do governo brasileiro ao projeto do Banco do Sul é de que já existem instituições de fomento que cumprem esse papel, como a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O economista Marcos Antonio Cintra, destaca, porém, o pequeno volume de recursos destas instituições. "Se pode ir criando mecanismos para viabilizar isso, como a operação conjunta do BNDES com a CAF, mas a questão está na escala. O BNDES tem R$ 52 bilhões ou US$ 25 bilhões ano. A CAF é muito pequena, tem R$ 40 milhões”, afirma o professor do professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).Há também limitações efetivas quanto à atuação do BNDES. O banco não pode financiar uma empresa de outro país se o projeto não envolver  produtos brasileiros. “A Petrobras, por exemplo, pode pegar financiamento do BNDES para a construir uma plataforma de petróleo no Equador desde que importe equipamentos do Brasil”, exemplifica.Com relação a outras fontes de financiamento, como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o economista chama atenção para o pequeno poder de decisão  dos países latino-americanos. "Ter uma instituição regional com maior influência dos países da região poderia ser muito mais interessante", diz.Segundo Marcos Cintra, além de financiar projetos de investimento o Banco do Sul poderia emprestar reservas a países menores, como o Uruguai, em momentos de crise. “Os países pequenos têm muito mais dificuldade de obter financiamento e entrariam com uma parte menor, podem ser até privilegiados em alguns projetos”, propõe. Marcos Cintra acredita que o Brasil deveria participar ativamente das discussões sobre a estrutura do banco. O governo brasileiro ainda não se posicionou com relação ao projeto do Banco do Sul, lançado pela Venezuela e pela Argentina em fevereiro passado, e o  Brasil vem participando apenas como observador das reuniões técnicas.“A questão é qual a institucionalidade deste banco, quem vai mandar nele, que regras terá, quem vai decidir onde alocar recursos, em quais projetos”, afirma. O momento das discussões, segundo ele, é agora. "Se a instituição nasce contaminada por politicagens, corrupções, ela não ganha credibilidade, você pode matar uma boa idéia no seu nascedouro".A criação do banco estava prevista para ocorrer na Cúpula de Chefes de Estado, em junho. Mas foi adiada para até o final do ano. A proposta, defendida principalmente por Venezuela e Argentina, é vista com algumas ressalvas pelo Brasil.