Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Alémde dizer que a Aeronáutica pode sabotar a investigaçãosobre a pane ocorrida no Cindacta 4, culpando injustamente oscontroladores de vôo, o presidente do Sindicato Nacional dosTrabalhadores em Proteção ao Vôo, Jorge Botelho,acusa a corporação de fazer chantagem para ocultarproblemas do controle de tráfego aéreobrasileiro.A assessoria de imprensa da Aeronáuticadisse não ter informação sobre qualquer supostaproibição de preenchimento de relatórios derisco.Segundo ele, os controladores “estãoproibidos de fazer relatório de perigo”, um formuláriodo Centro de Investigação e Prevençãode Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) que“pode ser preenchido por qualquer pessoa do setor aéreo”.Botelhoexplica que quanto maior o númerode relatórios, menor a chance que um militar tem de obter“engajamento”, uma espécie de bônus necessáriopara obter estabilidade após dez anos de serviçosprestados.O relatório de perigo é um documentoque contém “o relato de fatos perigosos ou potencialmenteperigosos para a segurança de vôo”, segundo o Cenipa.Sua finalidade é “reportar situação de perigoreal ou potencial, de forma que os responsáveis possam adotarações corretivas adequadas para eliminá-lo, bemcomo divulgar as ações corretivas adotadas, visando aeliminação de situações de perigosemelhantes”.O líder dos controladores afirma que aproibição está em vigor desde o dia 22 de junho,quando o Comando da Aeronáutica divulgou uma série demedidas para combater a crise aérea (leiamais). Segundo ele, “só oficiais” estãoautorizados a registrar incidentes. Os controladores de vôo sãosargentos.A relação entre os controladores devôo e os superiores está “tensa, totalmentedeteriorada, em regime de terror”, segundo Botelho.Eleconta que quando ocorreu a derrapagem do avião da companhiaaérea Pantanal, em Congonhas, um dia antes do acidente da TAM,os controladores “tentaram interromper as operações”.Mas foi em vão. “Mesmo que houver risco, a ordem énão impor restrição [ao tráfegoaéreo]”.