Futebol feminino joga contra falta de investimento e por mais espaço no Brasil

12/07/2007 - 21h39

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na véspera daabertura oficial dos Jogos Pan-Americanos, o time de futebol femininoabriu a participação do Brasil na competição.O time entrou em campo e venceu o Uruguai por 4 a 0 dentro domoderno estádio João Havelange, que contrasta com aescassez de investimentos e visibilidade do futebol femininobrasileiro. Embora atualmente a seleção sejavice-campeã olímpica e esteja disputando o bicampeonatono Pan, falta patrocínio e o esporte só tem espaçonos noticiários na época de grandes competições.A falta de incentivo sereflete na baixa participação dos times femininos nascompetições. No Taça Brasil de 2006, porexemplo, estiveram presentes apenas oito equipes e pouca gente soubeque o Botucatu, time de São Paulo, foi o campeão. Osnúmeros são pequenos quando comparados com ascompetições masculinas. Do campeonato brasileiro de2006 participaram 20 times da primeira divisão, númerodefinido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).“Alguns clubes pagambem, alguns tem o Bolsa Atleta que ainda dá para sobreviver,mas espero que com esse Pan dentro de casa os dirigentes possam semover melhor para organizar o futebol feminino e a gente nãotenha que sair do nosso país para sobreviver”, afirma azagueira Tânia Maria Ribeiro, uma das duas bolsistas queparticipa da seleção. Ela e sua colega Andréia“Maycon” Santos recebem o benefício do Bolsa Atleta novalor de R$ 2,5 mil mensais. Ambas jogam no Saad, de Águas deLindóia (SP).Das 18 atletasconvocadas para a seleção brasileira oito atualmentejogam no exterior. “É preciso que os patrocinadores olhemcom carinho o futebol feminino para que não tenhamos que sairde perto da nossa família para dar uma vida melhor para ela. Aexpectativa com esse Pan é grande”, diz Tânia MariaRibeiro.O público queassistiu a partida não foi dos maiores. Longe de lotar os 45mil lugares da arquibancada do estádio, o públicoaplaudiu a seleção. Não houve confirmaçãodo número exato de participantes, mas havia cerca de um quartoda lotação. “Acho que pra gente o número depessoas que veio ai está excelente, até por que nuncativemos tanto apoio assim do público”, pondera a atacanteGrazielle Nascimento.A realidade brasileiraé muito diferente de países como os Estados Unidos, quetem o time bicampeão mundial. Lá o futebol feminino temsua base formada no sistema educacional, seja público ouprivado. Além da infra-estrutura mantida pelas universidadesas estudantes que praticam o esporte recebem valores elevados debolsas de estudos.O sociólogo doesporte, Maurício Murad, explica que o futebol feminino ébem mais valorizado em países como os Estados Unidos, Japãoe Suécia. “A explicação disso é queembora lá a mulher ainda não tenha o papel que deveriater de igualdade com os homens, lá a distância social ébem menor e as mulheres tem um papel social melhor do que aqui”,afirma.