Operação sobre fraudes na Petrobras não tem foco em conexões políticas de empresas, afirma ministro

12/07/2007 - 18h25

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Operação Águas Profundas, deflagrada esta semana pela Polícia Federal, após denúncia do Ministério Público Federal (MPF), não está ligada a nenhuma investigação sobre doações de campanha, afirmou hoje o ministro da Justiça, Tarso Genro. Tarso não descartou, entretanto, que, no futuro, possam ser analisadas as conexões políticas dos delitos atualmente apurados. “Isso não tem nenhuma conexão com a investigação central que aPolícia Federal está fazendo. A Polícia Federal não investiga partidospolíticos, nem personalidades políticas, nem campanhas: investigadelitos. Se esses delitos tiverem ramificações com outras áreas, elasevidentemente serão investigadas a pedido do próprio MinistérioPúblico”, afirmou ele.Tarso participou da solenidade de inauguração do Centro de Comando eControle das ações de Segurança, montado para os Jogos Pan Americanosno Rio. Depois de dizer que ainda não há estimativassobre os prejuízos que as fraudes podem ter causado à Petrobras, oministro disse que a Petrobras representou muito bem aposição de intolerância, mantida pelo presidente Luiz Inácio Lula daSilva em relação a atos de corrupção.“A Polícia Federaltrabalhou de maneira articulada com a direção da Petrobras, quecolaborou com as investigações e só não tomou nenhuma medida a pedidoda própria polícia e do Ministério Público, para que se chegasse aocentro organizador das violações da lei. O presidente Lula tem umapostura de intolerância absoluta com a corrupção, e a Petrobrasrepresentou muito bem este pensamento nestasinvestigações”, disse o ministro.A assessoria da PF em Brasília avaliou hoje que é “prematuro” fazer qualquer ilação sobre possíveis conexões dos desvios com a doação de recursos para campanhas políticas, tendo em vista que ainda não houve tempo hábil para a análise da documentação apreendida, quando do cumprimento dos 89 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 4a Vara Criminal Federal. A operação Águas Profundas foi desencadeada pela Polícia Federal da última terça-feira para desbaratar uma quadrilha que vinha fraudando licitações realizadas pela Petrobras para obras de reforma, manutenção e modernização de plataformas.Ela foi deflagrada a partir de denuncia do Ministério Público Federal envolvendo 26 pessoas, a partir de investigações que contaram com o apoio da própria Petrobras, que afastou os funcionários envolvidos nas fraudes.Levantamentos publicados pela imprensa estão demonstrando que as empresas envolvidas nas fraudes fizeram doações a políticos em 2006.