UFRJ fará controle de doping dos Jogos Pan-Americanos

11/07/2007 - 17h21

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mais de 1,5 mil exames antidoping vão ser realizados durante os Jogos Pan-Americanos para detectar substâncias que, pelo seu uso, melhorem o desempenho dos atletas em competições. Os exames também vão servir para indicar o uso de drogas que causam prejuízo à saúde dos competidores. Cerca de 60 amostras de urina dos atletas serão colhidas por dia e levadas para o Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico do Instituto de Química (Ladetec) da Universidade Federal da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), único na América do Sul acreditado pela Agência Mundial Antidoping.O funcionamento da testagem antidoping do Pan foi apresentado hoje (11) pelo coordenador do laboratório, professor Francisco Radler. Segundo ele, os testes permitirão detectar a presença de mais de 500 substâncias incluídas na listagem da Agência Mundial Antidoping, entre as quais estimulantes, anabolizantes e diuréticos. Drogas como a maconha, que nada têm a ver com o aumento da performance do atleta, mas são prejudiciais à saúde, também fazem parte da lista.O professor Radler ressaltou que, apesar de toda a tecnologia usada no controle de doping, a prática ainda é utilizada pelos atletas, principalmente por causa das pressões econômicas, que envolvem empresários, patrocinadores e a mídia. ”Para mim, é a pressão financeira do sistema e um pouquinho da ascensão social. O atleta, hoje, é um vencedor e tem benefícios colaterais que não são apenas aqueles de querer vencer a competição, e essa pressão o leva a querer manter a posição que já atingiu”, afirmou.  De acordo com ele, no Brasil, o percentual de testes positivos de doping chega a 0,7%. No mundo, a média fica entre 1,5% e 2% das amostras avaliadas.Durante os Jogos Pan-Americanos, que começam sexta-feira (13), no Rio, todos os atletas vencedores serão submetidos aos testes para validar os resultados das provas. E cerca de 3 a 4% dos atletas de cada país também serão sorteados para passar pelo antidoping. Em duas semanas, o Ladetec fará um quarto do número de testes que normalmente realiza em um ano. Para adequar a estrutura do laboratório à demanda do Pan, o Ministério do Esporte investiu cerca de R$ 1,4 milhão este ano  em treinamento de pessoal e na compra de equipamentos de alta tecnologia. Mais de 90 técnicos foram deslocados de outras áreas do laboratório para o setor de doping para fortalecer a equipe habitual de 40 pessoas e garantir que resultados negativos dos exames saiam 24 horas depois da coleta do material. Em caso de presença de alterações na amostra, o prazo para definir o tipo de substância utilizada será de 48 horas. Os investimentos também permitiram que o laboratório passasse a fazer dois exames voltados para a identificação de uso de proteínas, que tem sido um dos mais recentes artifícios usados por atletas para aumentar a liberação de energia para os músculos em provas de grande distância e esforço físico. Antes, esses exames antes eram realizados somente no exterior.Segundo o consultor do Ministério do Esporte para o Pan, João Antônio Alves, o trabalho de excelência do Ladetec foi decisivo para a escolha do Brasil como sede dos jogos deste ano, e o governo vai continuar investindo no laboratório para manter a capacidade do país na área de antidoping e assim permitir que o Brasil possa sediar novos eventos esportivos internacionais.  De 2000 para cá, o Ministério do Esporte já empregou R$ 8, 4 milhões no Ladetec.