Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - Funcionários de 30 superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) representando 16 estados fizeram hoje (11) um ato público em frente a sede do órgão em Brasília. O movimento em defesa da reforma agrária teve o apoio de representantes do Movimento-dos Sem-Terra (MST), e de outros movimentos sociais ligado ao campo.Os servidores, em greve há mais de 45 dias, entendem que somente com o fortalecimento do Incra será possível o país avançar no processo de assentamento das famílias de trabalhadores rurais acampadas em diversos pontos do país.“O Incra é o único instrumento que o Estado brasileiro dispõe para levar a cabo essa tão sonhada reforma agrária. Mesmo eles [trabalhadores rurais] sabendo que essa instituição não tem operado e atendido a contento as suas demandas, eles a têm como instrumento essencial sem a qual a reforma agrária não se materializará. É por isso que eles se somam aos servidores do órgão para lutar pela sua revitalização e sua materialização”, disse José Parente, diretor da Coordenação Nacional das Associações dos Servidores do Incra (CNASE).Para ele, é necessário que o governo promova uma reforma agrária intensiva, ampla e massiva, pois para ele essa questão é fundamental para o avanço e consolidação da democracia brasileira. “O estado democrático de direito não irá se cristalizar sem que façamos a reforma agrária, para além das questões éticas, sociais e ambientais, esse tema tem a ver com a dignidade e cidadania para o homem do campo ”.Raulino Mendes representante do Incra-GO disse que o ato demonstra que os servidores do órgão e os trabalhadores rurais estão unidos e empenhados em fazerem a reforma agrária. “O diálogo entre nós servidores e os trabalhadores rurais tem sido excelente, prova disso é que eles estão forçando o governo para que atendam nossas reivindicações”.Ele afirmou que a principal dificuldade encontrada pelos trabalhadores rurais goianos é o índice de produtividade. Para ele com os atuais índices definidos pela legislação é muito difícil que ocorram desocupações no estado. Ele ressaltou ainda que o Incra de Goiás também quer que seja estabelecido o limite máximo para propriedades.Existem hoje em Goiás cerca de 8 mil famílias acampadas em diversos pontos. Já o número de famílias assentadas chega a 12 mil. Raulino Mendes afirmou que a maior dificuldade das famílias assentadas é conseguir crédito, já que isso só é possível após a total regularização do assentamento. Esse processo, no entanto, às vezes demora um ano e durante esse tempo as famílias encontram dificuldades para investir na produção, gerando desânimo naqueles que aguardam.“A partir do momento que ocorra o fortalecimento do Incra, contratação de mais funcionários, equiparação dos salários a das demais autarquias, melhoria nos equipamentos e em toda estrutura organizacional do Incra, ocorrerá um avanço nos processos de reforma agrária no país.A coordenação do movimento espera que os cerca de mil manifestantes permaneçam toda a manhã em frente ao prédio. A tarde há possibilidade de que realizem uma marcha até a frente do Congresso Nacional, mas não houve a confirmação de tal ato.