Leia a íntegra do programa Café com Presidente

09/07/2007 - 6h47

Agência Brasil

Brasília - Apresentador:Olá, você, em todo o Brasil. Começa agora oprograma de rádio do presidente Lula. Tudo bem, presidente?Presidente:Tudo bem, Luiz.Apresentador:Presidente, semana passada o senhor esteve em Portugal e na Bélgica,falou com a União Européia e deu o recado do Brasil naconferência internacional sobre biocombustíveis. Queresultado o senhor espera desse encontro?Presidente:Luiz, essa viagem foi muito importante para o Brasil, sobretudoporque o Brasil mudou de patamar na sua relação com aUnião Européia e o interesse é a questãodos biocombustíveis. Estamos apresentando ao mundo umaalternativa para combater a emissão de gases que causam oefeito estufa no planeta. Ou seja, nós estamos apresentando umproduto que diminui a emissão de CO2.Apresentador:Presidente, alguns jornais europeus dizem que o biodiesel é umcombustível sujo, que a plantação pode invadirterritório da Amazônia, estragar a floresta. O que tempor trás dessa história:Presidente:Olha, primeiro nós precisamos tomar muito cuidado. O Brasilnão pode abrir mão, em hipótese alguma, dedefender a sua matriz energética revolucionária jácomprovada há 30 anos, que é o etanol e agora obiodiesel. Lógico que temos de ter consciência que temosadversários. Temos adversários que vão levantartodo e qualquer tipo de calúnia contra a qualidade do etanol,contra a qualidade do biodiesel. Olha, até agora nenhum paísapresentou isso, é o Brasil que está apresentando. Oque nós estamos querendo mostrar para o mundo é oseguinte: a nossa tecnologia é importante por quê?Porque não é apenas a produção de um novocombustível, é a geração de empregos, éa distribuição de renda sobretudo nos paísesmais pobres do planeta. Esse é o desafio que estácolocado para a União Européia, para os Estados Unidose para o Japão. E nesse assunto nós queremos discutir.É bem possível que os nossos adversárioscontinuem levantando coisas contra o Brasil e nós temos deestar preparados.Apresentador:O senhor cobrou uma posição mais clara desses paísesem relação às taxas altas de importaçãode biocombustível brasileiro também. O senhor falousobre isso?Presidente:É engraçado porque eles cobram impostos do nossoálcool, cobram do nosso biodiesel, mas não cobram dopetróleo. O que estamos querendo provar é o seguinte:primeiro, eu disse no encontro que era importante olhar a políticados biocombustíveis sem olhar o mapa da Europa. Épreciso olhar o mapa do mundo, olhar África, olhar AméricaLatina, para que eles percebam que tem países com potencial deproduzir de forma extraordinária para atender aos interessesdo mundo. Ou seja, hoje nós temos 20 países queproduzem petróleo por 200 países. Com o biodiesel nósvamos poder ter mais de 100 países, ou seja, nós vamosdemocratizar a produção de combustível no mundo.Aí levantam o argumento de que vai ter problema no alimento.Ora, é preciso imaginar que o ser humano seria irracional. Aprimeira energia que o ser humano precisa é a sua própria.Ou seja, é se alimentar para poder ter força, parapoder produzir a outra energia. Acho uma coisa totalmente descabida.A segunda coisa que eu acho que eles fazem de grave na discussãoé dizer que nós vamos invadir a terra da Amazônia.Eu lembrei a eles que Portugal chegou aqui em 1500, há 470anos introduziu a cana no Brasil e a cana não chegou naAmazônia por uma razão simples. Mesmo quando nãose tinha uma visão de preservação que ahumanidade tem agora, os portugueses descobriram há muitotempo que na Amazônia não é lugar de plantar canaporque a temperatura não é propícia para isso.Esse é um debate que o Brasil não tem de ter medo. Nósnão vamos aceitar, não vamos aceitar outra vez o carteldos poderosos do mundo tentando impedir que o Brasil se desenvolva,tentando impedir que o Brasil se transforme numa grande nação.Apresentador:Você está ouvindo o Café com Presidente. Hojefalando sobre a negociação de biocombustíveisentre Brasil e União Européia. Presidente, por falarnisso, como estão as negociações em torno docomércio de produtos agrícolas na OrganizaçãoMundial do Comércio. Há chance de retomada da Rodada deDoha?Presidente:Há chances. Para isso é importante que o povobrasileiro entenda o seguinte: nós queremos que os americanosreduzam o subsídio que eles dão para os seusagricultores. Eles, nos últimos três anos, deram US$ 15bilhões de subsídios. Estamos pedindo que eles dêemapenas 12. Eles estão propondo 17. Ou seja, estãoquerendo aumentar, inclusive, a média dos últimos trêsanos. Nós não podemos aceitar. A União Européia,além de não mexer nada nos coeficientes da agricultura,ela quer que nós baixemos o coeficiente dos produtosindustriais. E o que eles querem? Que a gente abra nossa indústriapara eles e eles não abrem a agricultura para os paísesdo terceiro mundo. Também não dá! Não éuma questão de orgulho não, é uma questãode justiça. Nesse acordo de Doha, os países pobrespecisam sair ganhando alguma coisa. Os ricos já ganharamdemais no século 20.Apresentador:Presidente, mudando um pouquinho de assunto, vamos falar da campanhado Cristo Redentor, que foi eleito uma das sete maravilhas do mundo.O senhor inclusive chegou a pedir votos. Essa eleição éum combustível para o turismo brasileiro?Presidente:Acho que mais do que um combustível para o turismo brasileiro.Acho que é justiça que se faz porque quem tem aoportunidade de conhecer não apenas a imagem do CristoRedentor, mas a gente vê toda a imagem do que cerca aquelabeleza do Rio de Janeiro, eu acho que tem poucos lugares do mundomais bonitos do que aquele.Apresentador:Obrigado, presidente. Até semana que vem com mais um Cafécom Presidente.Presidente:Até semana que vem Luiz.Apresentador:Acesse nosso conteúdo também na internet emwww.radiobras.gov.br. Umabraço para você e até segunda-feira.