Produtor da Paraíba colhe primeira safra de algodão colorido orgânico

16/06/2007 - 15h14

Gláucia Gomes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oprodutor Felipe Motta Benevides Gadelha, dono daFazenda Santo Antônio, em Bom Sucesso, no sertão daParaíba, começa a colher, no fim deste mês, a primeira safra de algodão colorido orgânico em sua propriedade. Gadelha, que cultivava já produtos como milho, feijãoe algodão, decidiu produzir algodão coloridoorgânico para trabalhar com um produto ecologicamente correto.“Oalgodão colorido orgânico é fruto de um trabalhomuito forte, ecologicamente e socialmente correto, e por isso nãoé um trabalho do dia para a noite. Já se passaram cercade sete ou oito anos que estamos em cima desse trabalho, e não éum produto para a moda temporária. É um produto paraficar na consciência de todos”, disse ele.Na primeira safra comercial na propriedade de Gadelha, serão colhidas três cores: branco, verde e rubi. Segundo Gadelha, no cultivo doproduto orgânico, não se usam produtos químicos.Pragas como cochinilha, bicudo e curuquerê são comuns naplantações de algodão colorido orgânico,mas as formas de combate são sempre naturais, afirmou o produtor.Gadelhaplantou 23 hectares de algodão branco, oito de verde e 5,5 derubi e deverá colher cerca de 1.800 quilos por hectare. Ele disseque a aceitação do algodão colorido é muito grande e que jáexiste uma larga rede de comercialização do produto.Opesquisador da Embrapa Algodão, Melchior Naelson Batista daSilva, disse que o plantio do algodão colorido orgânicoé um desafio e uma boa oportunidade para os agricultores, porque o produto tem preço superior nomercado. O colorido orgânico é vendido a R$ 5 oquilo e o branco, a R$ 4. O algodão branco não-orgânico custa cerca de R$ 3 o quilo.Mesmoassim, o pesquisador ressaltou que a produção de algodãoorgânico ainda não é suficiente para a procura. “Ocrescimento da produção ainda é pequeno, porqueo sistema de produção é diferenciado. Tem todoum aparato de capacitação e conscientizaçãodos agricultores, e não é fácil aumentar asáreas de produção. Por isso, não seconseguiu atender toda essa demanda de produtos orgânicos noBrasil e no mundo”.Deacordo com Melchior Silva, na Paraíba, existe um núcleo deprodução na região do Curumataú, onde 20agricultores familiares assentados da reforma agrária, estãoplantando, este ano, em torno de 60 hectares de algodãoorgânico branco, marrom e verde, todos já com propostade venda do produto.