Bairros do Rio podem receber "choque de gestão" para Pan

02/06/2007 - 18h31

Luiza Bandeira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Barra da Tijuca, bairro da zona Oeste do Rio de Janeiro, pode receber uma operação de "choque de gestão" para solucionar problemas como consumo de drogas e prostituição para os Jogos Pan-Americanos. Além de sediar alguns dos principais locais de competição, o bairro vai hospedar todas as delegações dos países participantes.A operação seria baseada na CopaBacana, realizada desde abril em Copacabana, zona Sul da cidade. O mapeamento dos principais problemas da Barra da Tijuca deve começar ainda esta semana pelo setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.A força-tarefa do governo estadual e da prefeitura pretende combater a venda e o consumo de drogas, a prostituição, roubos e furtos e até estacionamentos irregulares. A data para o início da operação ainda não foi fixada.O subsecretário estadual de governo Rodrigo Bethlem, que coordena a força-tarefa, disse que, o bairro merece atenção especial do poder público em relação ao ordenamento urbano. A Lapa é outro local que também pode ser alvo das ações da força-tarefa."Foi solicitado um estudo desses bairros porque eles são extremamente importantes. A Barra da Tijuca vai receber o Pan daqui a 44 dias e a Lapa é um bairro que renasceu para a boêmia, um dos lugares mais movimentados na noite no Rio de Janeiro".Segundo ele, as ações nas duas localidades, que devem continuar pelos próximos quatro anos, só começarão quando as taxas de criminalidade em Copacabana estiverem dentro de "um parâmetro mínimo de aceitabilidade".O índice, acrescentou Bethlem, foi reduzido em 32%. A partir da força-tarefa, 13 pessoas procuradas pela Justiça foram presas, 95 crianças e adolescentes foram recolhidos das ruas e 263 moradores de rua foram levados para abrigos.Para o pesquisador Jorge Muñoz, que integra o Fórum de Estudos sobre População Adulta em Situação de Rua, os resultados em Copabacana não podem ser avaliados apenas pelos números."Essa campanha parece estar dando muito resultado, mas se a gente avaliar tendo como horizonte a inclusão social dessas pessoas [recolhidas ou encaminhadas a abrigos], perceberíamos que não podemos nos circunscrever a números. Precisaríamos saber quais são os passos seguintes à retirada desse pessoal e de que modo essas medidas criam possibilidade de inclusão social".Na avaliação de Muñoz, campanhas desse tipo têm por objetivo "higienizar" a cidade, fazendo com que a população em situação de rua não seja vista. Ele diz, ainda, não perceber uma vontade de pensar as propostas de integração dessas pessoas na sociedade.O coordenador da força-tarefa afirma que o governo está fazendo esforços para reinserir a população de rua no mercado de trabalho. Ele destacou que não podem obrigar ninguém a trabalhar, ou mesmo a ficar nos abrigos oferecidos."Tentamos convencer as pessoas de que a rua é o pior lugar para elas ficarem. Vamos dar toda a possibilidade de elas terem a reinserção social, mas não vamos permitir que elas se estabeleçam no meio da rua. A pessoa tem o direito de ir e vir, mas não de se estabelecer".