Pesquisadores estudam casos de hanseníase em Recife

29/05/2007 - 10h08

Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - O Centro de Pesquisas AggeuMagalhães, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está desenvolvendo, emparceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Recife, um trabalho inéditopara identificar com detalhes de que forma ocorre a transmissão da hanseníase,doença causada pelo bacilo de Hansen, que ataca a pele, os olhos e osnervos. No estudo, que começou em fevereiro, já foram entrevistadas 100 pessoas vítimas da doença, atendidas na redede saúde pública Na primeira etapa do projeto estão sendo investigadospacientes com até 18 anos de idade e diagnóstico recente de hanseníase. Elesrespondem a um questionário, onde informam como contraíram a doença, e se submetem adoação de sangue para estudo da resposta imunológica contra o bacilo.  Também doam pequenas porções de pele raspadasdo joelho, cotovelo e lóbulo da orelha. O material é aproveitado paracaracterizar o bacilo, que pode levar 10 anos para se manifestar.

De acordo com a pesquisadora Norma Lucena, doDepartamento de Imunologia do Aggeu Magalhães, um dos objetivos do projeto éestimular a população a procurar atendimento médico ao perceber os primeirossintomas da enfermidade, que são manchas no corpo e perda da sensibilidade e, emcasos mais avançados, deformidades, a exemplo de atrofia dos músculos das mãos ecorrosão da orelha e do nariz. ”O que a gente quer é esclarecer que ahanseníase tem cura e mobilizar a população a fazer diagnóstico precoce paracomeçar o tratamento imediato”, destacou.

Norma Lucena explicou que a pesquisa foi feita devido àalta incidência de hanseníase no Recife, acima da média nacional com oregistro de mil novos casos a cada ano. ”A média nacional é de 1,5 casos novosao ano, enquanto na capital pernambucana é de 4,5 novos indivíduos infectadosno mesmo período”, explico

Numa segunda fase do estudo, será realizado um levantamentocom os familiares dos doentes, para facilitar a análise do processo detransmissão do bacilo de Hansen. A equipe de pesquisadores também pretende registrar,por meio de um sistema de posicionamento global (GPS), a localização dasresidências das pessoas infectadas.

Os trabalhos, previstos para durar cinco anos, darão subsídios para quea prefeitura possa implantar um programa de prevenção em massa nas áreasendêmicas da cidade.