Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - Ao abrir na manhã de hoje (29) o seminário Reforma Política Possível, realizado pelo Centro Acadêmico de Ciências Políticas (Capol) da Universidade de Brasília (UnB), o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Rodrigo Collaço, destacou a necessidade de uma discussão profunda e complexa em torno do tema, pois algumas medidas tomadas a curto prazo podem se revelar ineficazes.“Muitas vezes sem um debate adequado somos levados a defender medidas sem compreender tudo o que poderão trazer”, disse Collaço. Para explicar esse posicionament, ele citou a redução dos gastos com campanha aprovada na última eleição. Para ele, essa medida resultou em dificuldades para que novos candidatos pudessem se mostrar e se fazer conhecidos pela população, o que facilitou a reeleição dos candidatos que as pessoas já conheciam, impedindo maior renovação do cenário político brasileiro.“A proibição no último pleito de gastos com camisetas e 'showmícios', por exemplo, dificultou a exposição de novos candidatos e isso acabou resultando em uma pequena renovação no nosso congresso se imaginarmos o desgaste da classe política naquele período provocados pelos casos de mensalão”, disse Collaço.Mesmo reconhecendo esse aspecto e esse perigo, Rodrigo Collaço voltou a defender a necessidade de se fazer uma ampla reforma política no país mesmo reconhecendo que será difícil ela ocorrer em um prazo menor que oito anos. “Dificilmente que se elegeu esse com a perspectiva da reeleição aceite mudar as regaras do jogo agora, mas o Brasil pode esperar, quem sabe, oito anos, pois a ganho para o país será enorme”, disse.Em sua visão a reforma política de estar ancorada sobre quatro eixos principais, fidelidade partidária, voto em lista, voto distrital e financiamento público de campanha. Para ele esses quatro pontos após debate e aprovação no Congresso já será capaz de trazer aspectos positivos para o sistema político brasileiro, melhorar a governabilidade e combater a corrupção.Collaço afirmou que tem certeza que o Congresso tem noção acerca da responsabilidade desse debate, pois os parlamentares sabem que o não debate poderá provocar a perda de legitimidade junto a população e não adiantará insistir em um sistema que não é reconhecido e nem aceito pelo cidadão. “Não tenho dúvidas que o Congresso tem, pela reação popular e o descrédito que casa tem, os parlamentares tem a noção da necessidade desse debate”, disse.,Para ele, o fato de ter ocorrido ontem um debate sobre reforma política no Congresso demonstra que o tema está inserido na pauta da Casa. Collaço finalizou dizendo que acredita que a atual legislatura faça a reforma política.“É impossível crer que uma legislatura que se elegeu em meio a uma grande crise, como foi o mensalão, não dê a resposta que a sociedade espera, que é modificação do nosso político, é uma questão de sobrevivência”, completou.