PF não responde a acusação de vazar informações e vê harmonia em relação com a Justiça

24/05/2007 - 18h40

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Polícia Federal (PF) afirmou, em nota divulgada na tarde de hoje (24), que não irá se manifestar sobre as críticas do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) ao vazamento de informações sigilosas relativas à Operação Navalha, deflagrada pela PF no último dia 17.

“A relação institucional da PF com o Poder Judiciário, especialmente com o STF, é de respeito e pleno acatamento as suas decisões. Não cabe manifestação sobre a opinião pessoal de um de seus ilustres membros”, afirma a nota.

Ontem (23) à noite, Mendes criticou o vazamento de informações sigilosas relativas à Operação Navalha, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 17. O ministro classificou o vazamento como uma “canalhice”.

A PF afirma aguardar apenas uma requisição para tomar as providências necessárias à apuração de possíveis irregularidades. “A legalidade dos atos da Polícia Federal encontra-se submetida aos controles institucionais das autoridades judiciárias e do Ministério Público competentes” afirma a nota. “Exemplo disso é o harmônico trabalho que resultou na Operação Navalha, cujas decisões estão sob o crivo da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, relatora do inquérito, e do procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza”.

A nota também afirma que o aperfeiçoamento dos mecanismos de investigação verificado nos últimos anos tem permitido à Polícia Federal desmantelar inúmeras organizações criminosas, com a obtenção de indícios e de provas que revelam “a materialidade de delitos de natureza grave e a sua autoria, com destaque para o combate das infrações penais cometidas contra a administração pública”.    

As críticas do ministro ocorreram após surgirem boatos, divulgados por parte da imprensa, de que seu nome estaria entre os acusados de receber presentes da Construtora Gautama. O proprietário da empresa, Zuleido Soares Veras, é acusado de ser o mentor de suposto esquema criminoso criado para fraudar licitações públicas e desviar recursos federais destinados a programas como o Luz para Todos. Segundo nota da assessoria do STF divulgada ontem, o ministro informou que as citações referem-se a uma outra pessoa que possui prenome e sobrenome iguais ao seu, o que se poderia "comprovar em outros trechos das próprias transcrições". O ministro, segundo a nota, realizou uma pesquisa em seu gabinete para dirimir qualquer dúvida. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ministra Eliana Calmon ouviu mais um dos presos da Operação Navalha. O funcionário da Construtora Gautama, Florêncio Brito Vieira, foi o quarto depoente do dia e o 33º dos 47 presos a ser solto.