Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Governos, organismos internacionais e organizações não-governamentais fizeram hoje (24), em Brasília, um balanço do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI). Criado em 2001 por diversas entidades, o programa tem incentivado o combate ao preconceito racial em áreas como saúde e educação.No Rio de Janeiro, o Instituto Ori-Aperê aderiu ao esforço há dois anos e defende a sensibilização de agentes de saúde para que os negros tenha melhor atendimento na rede pública. O Ori-Aperê faz parte também da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, que possui cerca de 20 núcleos em vários estados brasileiros.O coordenador do instituto, psicólogo Marco Antonio Guimarães, busca fazer uma ponte entre as lideranças religiosas afro-brasileiras e os gestores em saúde. Segundo ele, alguns agentes do Programa de Saúde da Família, “muitas vezes por serem de outra tradição religiosa, não serem da tradição de terreiro, discriminavam e não iam às casas de santo". Essa atitude era observada, principalmente, com agentes ligados a tradições evangélicas.
"Houve avanços aí. Como a rede possui núcleos no Brasil todo, ela permite que haja uma divulgação dessas idéias no país. E o fato de se poder fazer essa conscientização e sensibilização dos profissionais de saúde dá uma possibilidade do estado e do município de mudar um pouco a inserção dos agentes”, afirma Guimarães.
Em Recife, a prefeitura tem promovido cursos de capacitação para agentes de saúde sobre a questão racial. De acordo com agerente operacional de Atenção à Saúde da População Negra do município, Miranete Arruda, o projeto envolve a realização deoficinas, seminários e trabalhos de grupo.
“Eles estão sendo preparados para a compreensão da questão dadiscriminação racial e do preconceito e o que isso dificulta no acessodas pessoas nas unidades para o atendimento aos problemas de saúde”, conta Miranete. Segundo ela, no início, o programa causou polêmica entre os profissionais de saúde.
“Com o tempo e mais informações, eles passaram a ter uma postura de mais abertura, de menos intolerância, e decompreensão do que pode mudar na atitude dos profissionais de saúde nasunidades de saúde, com relação à população em geral e, especificamente,em relação às pessoas de cor preta ou parda, negras, que vêm ao setorde saúde.”
O Programa de Combate ao Racismo Institucional é uma ação integrada decombate às desigualdades, que reúne o Ministério da Saúde, a SecretariaEspecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o MinistérioPúblico Federal, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento(Pnud) e a Organização Pan-Americana de Saúde(Opas), com apoio doMinistério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional(DFID).