Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para representantes do setor elétrico reunidos hoje (22) no Fórum Programa de Aceleração do Crescimento: Perspectivas, Impactos e Desafios na Visão dos Agentes do Setor Elétrico, a crise desencadeada por denúncias contra o ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, por envolvimento com o esquema de corrupção em obras públicas desarticulado pela Operação Navalha da Polícia Federal, não ameaça a execução dos projetos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dos 503,9 bilhões do PAC, 274,8 bilhões destinam-se ao setor energético. "O que pode acontecer, com a troca do ministro, é um prazo maior nos processos, porque pode haver também mudança no segundo escalão, avaliou o presidente da Associação Brasileira do Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Luiz Fernando Viana. O presidente da Associação Brasileira doa Agentes Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), Paulo Pedrosa, disse não acredita em grandes mudanças. “Nos últimos anos a gente tem observado uma continuidade na condução do ministério, as equipes são basicamente as mesmas desde o início do primeiro governo do presidente Lula e as interlocuções que foram construídas ao longo do tempo se mantiveram”, ressaltou. “A gente pode dizer, no mundo privado, que às vezes concorda e às vezes discorda das posições que o ministério tem, mas a interlocução tem havido. Independentemente da pessoa do ministro, esse espaço de discussão que foi criado em conjunto pelo mercado, pelos agentes privados e pelo governo, com certeza será preservado”, acrescentou. Já o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica (Abiape), Mário Luiz Menel da Cunha, disse temer mudanças no Ministério de Minas e Energia. Antes do anúncio da saída do ministro Silas Rondeau, ele lembrou que, num primeiro momento, governo e investidores passaram por uma fase de negociação quanto aos gargalos do setor. Depois foram elaboradas as medidas provisórias para “destravar esses gargalos” e, agora, tais medidas estão sendo apreciadas pelo Congresso. Segundo Cunha, há mais uma etapa pela frente. “Saindo uma lei, precisa dos decretos, das resoluções para regulamentar essa lei. Essa terceira fase seria feita sob a égide de um novo ministro que, por a gente não conhecer, traz um grau de incerteza para nós, investidores”, afirmou. Mas ressalvou ter "absoluta certeza de que o PAC é tão importante e tão grande para o país que não pode ser paralisado pela ausência ou mudança de uma pessoa". E acrescentou: "Estamos absolutamente convictos de que a orientação maior é no sentido de o governo, como um todo, levar à frente esse programa”.