Polícia vai usar força “na medida da resistência dos alunos”, diz coronel sobre desocupação da USP

22/05/2007 - 0h00

Elaine Patricia Cruz e Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - “Estamos tentando fazer o máximo de diálogo com os alunos e com os invasores para que se tenha uma saída pacífica por parte deles”, afirmou o coronel Joviano Conceição Lima, comandante da Tropa de Choque da Polícia Militar. Mas, explicou, a polícia pode “usar a força na medida da energia necessária e da força física necessária, de acordo com a resistência dos alunos”. Desde o dia 3 de maio, centenas de alunos ocupam o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) para reivindicar uma série de medidas que, na visão deles, impediria o avanço da perda da autonomia e do “sucateamento” da universidade pública. O coronel da PM confirmou a existência de um mandado de reintegração, expedido no dia 16 de maio. “Tem uma liminar concedida pelo juiz da 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo em que a USP, por meio de sua reitoria, fez o pedido para que se concedesse a liminar para reintegração de posse de um prédio da reitoria que está sendo sediado por alunos invasores e, agora, por funcionários da universidade”. De acordo com ele, a liminar concedeu a reintegração de posse “de pronto, utilizando-se inclusive de força policial, se necessário”. A reintegração está sob a responsabilidade do Comando de Policiamento de Choque, do qual Lima é comandante. “Se necessário for, nós usaremos efetivos de outras áreas para dar apoio”. Lima disse que o prazo para a reintegração de posse depende agora do planejamento da força pública de São Paulo. “Estamos planejando para efetivamente, a qualquer instante, fazermos a reintegração da posse. Em primeiro momento, de forma pacífica”. A assessoria de imprensa da Reitoria da USP disse que a reitora Suely Vilela esperava, até a meia-noite de segunda-feira (21), um posicionamento dos alunos que ocupam o prédio da USP. Mas, mesmo que uma resposta não fosse dada, isso não significaria a reintegração durante a madrugada. Na manhã de segunda a reitora da universidade voltou a negociar as mesmas cinco propostas citadas no dia 8 de maio, consideradas insuficientes pelos alunos. A primeira delas diz respeito à moradia estudantil, com a construção de mais 334 vagas nos campus de Ribeirão Preto (68 vagas), São Carlos (68 vagas) e São Paulo (198) e a liberação de R$ 500 mil para a reforma das moradias já existentes. Os alunos reivindicam a construção de três novos blocos e 600 novas vagas só no campus Butantã, em São Paulo.A reitoria também prometeu estudar reformas nos prédios da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional (Fofito); manifestar-se sobre o tema dos decretos assinados pelo governador José Serra em deliberação do Conselho Universitário somente uma semana depois da desocupação do prédio da reitoria, seguida por uma audiência pública sobre o tema; pronunciar-se até o dia 30 de maio sobre a contratação de docentes para “as unidades que já encaminharam seus planos de metas com a definição de prioridades”; e a proposta de realizar uma reunião neste primeiro semestre, e outras três, no próximo, “para o acompanhamento dos compromissos ora assumidos”. De acordo com o comunicado da assessoria do último dia 10 de maio, a Reitoria condicionou o cumprimento dos compromissos citados com a “imediata desocupação do prédio da reitoria”. Segundo o coronel da PM, 200 alunos estariam ocupando o interior do prédio da Reitoria. Outros 400 estudantes estariam acampados à frente do prédio e outros 100 alojados no Conjunto Residencial da USP (Crusp), “aguardando uma ordem para substituir dos 200 que estão lá dentro ou para se juntar em caso de aparecimento da força policial”.