Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O ministro da Defesa, Waldir Pires, negou na noite de hoje (15) a existência da mensagem de agradecimento que o papa Bento XVI teria tentado passar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua viagem de volta à Itália. Essa mensagem não teria sido recebida pelo Centro de Controle de Área de Recife (ACC-RF) por uma possível falha de comunicação.“A informação que eu tenho é de que não houve a mensagem”, disse o ministro após participar da cerimônia de abertura do curso Gestão de recursos da defesa, que será ministrado pela Escola Superior de Guerra (ESG), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).A denúncia sobre a falha de comunicação entre o avião que transportava o papa e o Centro de Controle de Área do Recife foi levantada hoje pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB) durante a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, que investiga as causas da crise que atingiu o setor após o acidente com o avião da Gol, em setembro de 2006.O ministro ressaltou que soube da informação quando estava na Fiesp e que a informação passada pela Aeronáutica era a de que não teria existido a mensagem. “Se porventura há alguma outra, há de verificar-se. Não tenho condições de comentar o que a Aeronáutica conta que não ocorreu”, afirmou Pires. Ele acrescentou que “na travessia do Atlântico, atravessa-se sem radar – e, a rigor, a travessia do Atlântico se dá tranqüilamente sempre”.Segundo Pires, a crise aérea foi provocada principalmente pela falta de controladores de vôo suficientes para a demanda. Ele revelou que o problema ainda não foi totalmente solucionado, porque a formação de controladores demora até um ano e meio. “Leva-se algum tempo para poder ter qualquer solução”, disse, ao informar que até dezembro 500 controladores de vôo devem se formar e passar a trabalhar.Durante a entrevista, Waldir Pires também disse que a instalação da CPI do Apagão Aéreo é “um instrumento muito bom do processo parlamentar e democrático”, mas ressaltou que, “por vezes”, a CPI pode ser “utilizada sem propriamente um compromisso com os seus objetivos políticos maiores, com 'm' maiúsculo”. Indagado se acreditava em indiciamentos, pela CPI, o ministro disse não ter a resposta: “Não sei nem se ela apresentará alguma coisa mais do que já estamos apresentando”. E ressalvou que a CPI pode, algumas vezes, “entrar numa lutazinha pequena, numa luta menor”. Depois de reafirmar que ainda não foi convocado pelos parlamentares para depor, disse que "se for, eu vou". Waldir Pires também disse não acreditar na possibilidade de um novo apagão aéreo durante a realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em julho, e que está rezando bastante para que isso não ocorra: “Eu assumo todas as minhas rezas, inclusive as rezas baianas”.