Funasa anuncia "libertação" de funcionários mantidos como "reféns" em aldeia

15/05/2007 - 16h56

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Foram libertados no início da tarde de hoje (15), os três funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que teriam sido mantidos reféns, desde o último domingo (13), na aldeia indígena Estirão Grande, no município de Manicoré, Amazonas.De acordo com a Funasa, os profissionais (um odontólogo, um patologista e uma nutricionista) não sofreram nenhum tipo de agressão física e passam bem. Eles irão para Manaus, capital amazonense que fica a 330 quilômetros de Manicoré.Segundo a fundação, os três integrantes da equipe de saúde atuavam na região de Estirão Grande a trabalho e, quando retornavam a Manicoré, foram impedidos de prosseguir pelos índios tenharim. Ontem (14), o coordenador regional da Funasa, Francisco Aires, deslocou-se até à região acompanhado da Polícia Federal (PF).“A libertação ocorreu graças ao apoio da PF e do Ministério Público”, frisou Aires. Segundo ele, em nenhum momento, “desde o sequestro dos funcionários”, os indígenas apresentaram reivindicações ou motivos para manter os profissionais presos. Aires ressaltou que os serviços de saúde da Funasa na região “estão sendo disponibilizados regularmente, assim como as unidades de saúde funcionam normalmente”.Em nota, a Funasa afirmou que “repudia atitudes violentas e antidemocráticas que colocam em risco a vida de seus funcionários”, e que nada contribuem para a “melhoria do atendimento às comunidades” da região. A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi procurada para comentar a ação dos índios de Estirão Grande, mas informou através de sua assessoria que não se pronunciaria sobre o assunto.Ontem, por meio de nota oficial, a Coordenaçãodas Organizações Indígenas da AmazôniaBrasileira (Coiab) contestou a denúncia deseqüestro dos servidores da Funasa. Segundo a Coiab, a equipe de saúde estava no local para uma campanha devacinação.Em sua nota, a Coiab negou queos Tenharin tenham agido de maneira agressiva e violenta contra osfuncionários da Funasa. Afirmou, no entanto, que os trêspermaneciam na aldeia como uma forma de mostrar ao governo e àsociedade o descaso com a saúde indígena em Manicoré.De acordo com a Coiab, existem inúmerasreivindicações por parte dos índios tenharin.Entre elas, a realização de reuniões dosconselhos locais e a garantia de hospedagem para os indígenas(casas de apoio) em tratamento de saúde na sede municipal.