Antonio Arrais
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A falta de recursos financeiros do governo para aplicação na defesa sanitária e na prevenção de doenças de natureza animal e vegetal foi a principal queixa dos participantes da audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, realizada hoje (15). Esses recursos evitariam barreiras dos países importadores de carnes e outros alimentos, segundo os debatedores, entre os quais representantes do governo, como o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Afonso Koretz. Ele admitiu que o trabalho é feito "com recursos insuficientes para a prevenção de doenças, no mesmo ritmo para acompanhar o crescimento do agronegócio".Para Fernando Campos, assessor da diretoria-executiva da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), "o governo deveria dar maior importância à defesa sanitária animal, já que o Brasil se tornou o maior produtor mundial de carne e as barreiras sanitárias são o principal obstáculo às exportações". A prevenção de doenças como a febre aftosa, segundo a secretária de Desenvolvimento Agrário de Mato Grosso, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, "deveria ser encarada como uma questão de segurança nacional, pois doenças desse tipo criam entraves e barreiras de países importadores que, na verdade, são países concorrentes das exportações brasileiras". Já a representante da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Ivar Coavilla, alertou para "o desaparelhamento do sistema de vigilância sanitária na área agrícola". E criticou a falta de linhas de crédito para o produtor rural "se adequar às novas exigências sanitárias". O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, também defendeu a liberação de mais recursos para a aplicação preventiva na defesa sanitária. E um dos requerentes da audiência pública, deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MS), sugeriu que o governo promova a vacinação dos rebanhos nos países vizinhos, como o Paraguai, que tem cerca de 11 milhões de animais, e a Bolívia, com cerca de 5 milhões. "Essa vacinação sairia mais barata do que os gastos posteriores com indenizações pelo sacrifício dos animais contaminados – em muitos casos, a origem da febre aftosa está nos rebanhos dos países vizinhos – e com a imagem de exportador do país", disse o deputado, após lembrar que os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul têm um rebanho de mais de 53 milhões de cabeças.