Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - As lan houses (locaisonde as pessoas podem acessar a internet e jogar pagando por hora)podem colaborar para o processo de digitalizaçãoda sociedade, mas não são a soluçãopara a inclusão digital entre a população debaixa renda. É o que afirma o sociólogo e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo Sérgio Amadeu.Amadeu, que também é autor do livro Exclusão Digital: amiséria na era da informação e professor da pós-graduaçãoda faculdade Casper Líbero, ressalta o caráter comercial da lan houses, que seria um impeditivo para a inclusão digital. Segundo ele, nas áreas de predominânciadas camadas D e E da população “as pessoas nãotem o mínimo nem para assegurar a sua sobrevivência,quanto mais para pagar R$ 1 ou R$ 2 para acessar a internet”.Essa, de acordo com o sociólogo,seria a principal limitação para que as lanhouses participem se forma efetiva do processo de inclusãodigital nas camadas mais pobres da sociedade. “Em algumas áreasde classe média baixa ela pode também cumprir um papelde assegurar o acesso, mas está bem distante daspossibilidades de criar inserção nas áreas degrande pobreza”, afirma o professor.“Daía necessidade de termos programas de inclusão digital quesejam gratuitos, como os telecentros”,afirma Amadeu. Ele se refere a espaços comunitários comcomputadores conectados à internet banda larga, com acessogratuito para a população local. Além do acessolivre, os telecentros também oferecem oficinas e cursos deinformática básica. Tudo funcionando com softwarelivre.Amadeuacredita que as lan houses devem ser incentivadas pelo governo, porserem empreendimentos que podem gerar empregos. No entanto, para ele, a inclusão digital significa também capacitação do usuáriopara trabalhar com as ferramentas disponíveis na rede, o que não ocorre numa lan house.