Para pesquisador, TV pública vai ser formadora de consciência crítica

06/05/2007 - 10h38

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A televisão pública tem uma missão importante: formar a consciência crítica do telespectador brasileiro. Essa é a opinião do pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Laurindo Leal Filho, fundador e membro da organização não-governamental Tver, voltada para o acompanhamento da qualidade da televisão brasileira.Integrante do Fórum Nacional de TVs Públicas, Leal Filho é membro do Fórum Nacional de TVs Públicas, que reúne oito grupos de trabalho com representantes do governo e da sociedade, criados em setembro do ano passado para discutir o futuro modelo da televisão pública brasileira. A partir de terça-feira (8), o fórum estará reunido em Brasília para elaborar documento com recomendações para o desenvolvimento do plano de comunicação pública do governo federal.Segundo Laurindo, o Fórum representa a primeira oportunidade para que seja discutido o papel social da televisão pública. “Em muitos países da Europa, a TV pública, controlada pela sociedade e com interferência mínima do governo, é uma realidade estabelecida, mas o Brasil ainda está começando a dar passos nessa área”, ressalta. O professor da USP acredita que o começo tardio representa uma oportunidade para o país construir um modelo que represente uma alternativa às emissoras comerciais.Na avaliação de Laurindo, a tevê pública nacional está cada vez mais próxima de virar realidade. No entanto, ele observa que, para ser bem-sucedido, o novo sistema público de comunicação precisará se diferenciar das emissoras comerciais. “A identidade tem de ser construída por critérios próprios, não pela mera competição com os canais privados”, comenta.O conteúdo diferenciado, diz o professor, deve buscar a audiência pela qualidade. Esse processo, afirma ele, trará reflexos positivos para toda a programação da televisão aberta. “Ao longo do tempo, o público vai amadurecer e exigir que as emissoras privadas também melhorem o nível da programação”, aposta.Para que esse modelo se consolide, o pesquisador propõe a valorização dos programas regionais e da produção comunitária. “Acima de tudo, a televisão pública tem de revelar o Brasil para os brasileiros”, destaca Laurindo. “Somente assim, ela será uma fonte de diversidade para quem não pode pagar televisão por assinatura.”Em relação ao financiamento, o professor sugere que os recursos dos orçamentos do governo federal e dos estados sejam complementados por doações de pessoas físicas, comuns na PBS (televisão pública dos Estados Unidos). Ele também propõe apoios culturais, como ocorre atualmente com a TV Cultura, em São Paulo, em que anunciantes expõem a marca antes do início dos programas. “Desde que os interesses comerciais não se sobreponham aos da emissora, os apoios culturais não comprometem a independência dos canais públicos”, pondera.