Movimentos populares católicos querem que papa e bispos ouçam voz do "povo de Deus"

06/05/2007 - 11h59

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Embora nãotenham a previsão de participação direta nos eventos em que haverá diálogo direto com o papa Bento XVI,  os movimentos populares católicos irão marcar presença esta semana, durante a visita do papa ao Brasil, com uma sériede manifestações. A 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe,em Aparecida será foco dessas atividades. 'Muitos bispos acabam circulando e percebendoque eles têm que levar em consideração nãosó o que a igreja hierárquica pensa, mas tambéma igreja que o povo de Deus constrói”, dizo coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dirceu Luiz Fumagalli. Os eventos organizados pelos movimentos católicos de base incluem uma romaria com as comunidades,um seminário teológico e um acampamento. De acordo comFumagalli, a tendência é que a conferência reforceo campo institucional da Igreja católica, mais comprometidocom o conservadorismo.”Não será uma conferencia quevenha a nos reaquecer”, lamenta. Segundo ele, o conflito entre aigreja institucional e a popular existe desde o início daexistência da Igreja Católica. “No primeiro concíliode Jerusalém, já havia um grupo que defendia umcristianismo mais aberto, mais presente no mundo secular”, afirma. Fumagalli afirma que a igrejasempre conseguiu viver com esse conflito latente, mas nos últimostempos houve uma acomodação da hierarquia no campo dainstitucionalidade. “Isso reforça cada vez mais anecessidade de o campo popular se articular com mais eficiência,a se debruçar um pouco mais sobre a sua realidade”, dizFumegalli. O coordenador da CPTdiz que as manifestações que serão realizadasparalelamente à 5ª Conferência de Aparecida também representarão as reivindicações do movimento camponês.“Este é um momento de refletir sobre qual o modelo que estásendo desenvolvido e se isso contribui ou degrada um plano que agente acredita que Deus quer que nós realizemos nas terraslatino-americanas”, afirma. Segundo ele, o campo é umfomentador de comunidades que preservam grandes expressõesreligiosas do povo brasileiro.