Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente daComissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair DiasGonçalves, voltou a defender a retomada da construçãoda usina nuclear de Angra 3, por gerar “uma energia limpa, que nãocontribui para o chamado efeito estufa na atmosfera”. Em entrevista à Agência Brasil, ele defendeu ainda a“capacidade de armazenamento da energia nuclear, como nenhuma outratem”. E argumentou que esse é o problema das energiasalternativas de fontes eólica (dos ventos) e solar. “Nãoé possível armazenar energia a não ser embaterias. E essa é uma maneira muito ruim de armazenar aenergia elétrica”, avaliou. As duas usinasnucleares em operação no Brasil (Angra 1 e 2) têmcapacidade instalada de 2.007 megawatts (MW) de energia. Com Angra 3,essa capacidade se elevará para 3.357 MW, de acordo com aestatal Eletronuclear, que cuida da construção eoperação da Central Nuclear Almirante ÁlvaroAlberto, localizada no município fluminense de Angra dos Reis.As usinas de Angra 1 e2 respondem por cerca de 60% do consumo de energia do Rio de Janeiro.Com a perspectiva de continuidade de Angra 3, “nóschegaríamos quase à auto-suficiência na regiãoSudeste, em particular no Rio de Janeiro”, afirmou Gonçalves.Essa perspectiva, acrescentou, é “bem avançada”. A Comissãoaguarda para este mês a realização dareunião do Conselho Nacional de Política Energética(CNPE), que deve se pronunciar sobre a retomada do programa nuclearbrasileiro, discutida há três anos no país,lembrou Gonçalves. A partir da aprovação peloConselho e pelo presidente da República, o assunto poderáser submetido a discussão mais aberta com a sociedade, a fimde prestar esclarecimentos “e mostrar quão seguras eavançadas estão essas questões no Brasil”. Na avaliaçãode Gonçalves, Angra 3 terá um conteúdo simbólicoexpressivo, porque poderá ser a primeira de uma série,e essa será “uma decisão corajosa” por parte dogoverno, que já vinha sendo aconselhada pela Cnen, órgãoligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Elelembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva játeria demonstrado, recentemente, sua posição favorávelà energia nuclear. E informou que para a conclusão deAngra 3 são estimados investimentos de US$ 1,8 bilhãoe um custo total de R$ 17 bilhões para colocar a unidade emfuncionamento, levando a energia gerada aos consumidores. Nesse valor estáincluída a construção do reator e adaptaçãode toda a malha para mais 1.350 megawatts (MW) de energia,esclareceu. A expectativa é a de que, retomado o projeto deAngra 3 ainda neste ano, a usina poderá entrar emfuncionamento em 2013. No momento, segundo o presidente da Cnen, nãoé possível construir reatores nucleares no país,mas ele lembrou que está sendo finalizada pela Marinha aconstrução de um reator para propulsão dosubmarino nuclear, que poderá ser adaptado para uma capacidadede até 300 MW. A Cnen sugereequipamentos mais modernos, disse, mas “é possível,dentro desse contrato, conseguir índices de nacionalizaçãoaté de 70%”. A idéia anterior da Comissão,explicou, era de investir em geradores pequenos, porém diantedo cenário energético do país desenhado pelaEmpresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério deMinas e Energia, Gonçalves afirmou ter ficado “evidente quenós precisaríamos, até 2030, de uma quantidadede megawatts que seria um pouco difícil de conseguir sefôssemos pensar em desenvolver os reatores pequenos”.