Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A visita do papa Bento XVI ao Brasil, na próxima semana, tem objetivos bastante específicos. Além de anunciar a canonização do Frei Galvão, o "primeiro santo brasileiro", e de manter diversos encontros com fiéis, ele também irá presidir a abertura da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, que acontecerá em Aparecida (SP). Em entrevista recente, o arcebispo de São Paulo e então secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Odilo Scherer, explicou que a Conferência de Aparecida irá debater o novo contexto em que se encontra a população da América Latina, especialmente em relação às mudanças culturais, religiosas e políticas. “Temos que discutir o posicionamento da Igreja diante da situação de dependência e exclusão dos povos da América Latina, como ela está presente não só como instituição, mas como membros da igreja, os católicos. Como ela está presente nesse processo de mudanças, de afirmações, da história dos povos da América Latina e do Caribe.” Dom Odilo lembrou que as quatro conferências anteriores serviram, igualmente, para pensar o papel da igreja no continente. A primeira da série foi realizada em 1955 no Rio de Janeiro, por convocação do papa Pio XII. Durante o evento, foi fundado o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), com sede em Bogotá. A segunda edição do evento aconteceu treze anos depois, em Medelin, na Colômbia. Em 1979, na cidade de Puebla, no México, aconteceu a terceira conferência. Dom Scherer lembra que foi durante esse evento que a Igreja Católica confirmou sua prioridade aos pobres no continente. “A Conferência de Puebla levou em conta o contexto da época, ainda muito marcado pelas ditaduras militares, a falta de liberdades democráticas, o anseio por liberdades e pela participação do povo. A igreja fez-se porta-voz desses anseios”, afirma o arcebispo. A 4ª Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe aconteceu em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana. “Nessa época, já estávamos em outro contexto, as liberdades democráticas estão conquistadas, as democracias na América Latina vão se afirmando. Mas temos novos problemas, como a crise mundial com a queda do comunismo nos início dos anos 90”, explica Dom Scherer.